A polarização entre as candidaturas de Lula e Jair Bolsonaro dentro do agronegócio mato-grossense vem ultrapassando a fronteira do debate e das articulações.
Grupos e integrantes do agronegócio têm se organizado e agido contra representantes do próprio setor. Por divergências ideológicas, o segmento mostra fragilidade e apresenta indícios de que estará rachado nas eleições de outubro.
Isso porque bolsonaristas que se intitulam de direita estão criticando os políticos e produtores que participaram de uma reunião com partidos de esquerda, e preparam uma ofensiva contra empresas e produtores do setor que estão desembarcando do bolsonarismo.
A Reportagen teve acesso a mensagens e áudios de grupos de WhatsApp com produtores, diretores de associações rurais e membros da Aprosoja, com ameaças, xingamentos e ataques aos políticos e produtores que têm criticado o presidente Jair Bolsonaro.
O grupo promete realizar um grande boicote aos produtores rurais que não apoiarem Bolsonaro, bem como as empresas de políticos e lideranças que aceitaram se reunir com o grupo político de Lula para discutir políticas do setor.
Os bolsonaristas ligados ao agronegócio também buscam fazer um ‘linchamento virtual’ dos políticos e empresários que estão desembarcando do apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
Tanto que essas postagens contendo fake news, áudios, imagens e ameaças estão sendo espalhadas por vários grupos de WhatsApp e já estão sendo coletadas para serem entregues à Polícia Federal e serem anexadas ao inquérito da Fake News que se encontra com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
As críticas de parte do setor ao governo federal são por causa da ameaça da ausência de recursos para que os produtores possam ter acesso aos programas e linhas de créditos para o setor dentro do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO).
Alguns produtores têm cobrado a Aprosoja Mato Grosso para se posicionar e pressionar o governo federal para que os recursos se mantenham nesses programas. Os críticos ao governo Bolsonaro alegam que a Aprosoja não tem feito essa cobrança para evitar bater de frente com a gestão do Planalto.
Em um dos áudios, vários produtores alegam que vão se desfiliar dos partidos que terão candidaturas próprias à presidência e que não apoiarão o atual presidente.
Já os parlamentares bolsonaristas buscam organizar um encontro entre os produtores rurais com o presidente Jair Bolsonaro (PL), para evitar possíveis perdas de apoio do setor no Estado.
O deputado federal José Medeiros (Podemos) já solicitou à cúpula do Planalto uma agenda, alegando que Lula tem intensificado sua agenda com representantes do setor.
O objetivo dos bolsonaristas é manter nestas eleições o mesmo desempenho que teve em 2018 quando foi eleito. Naquela eleição, Bolsonaro teve o dobro de votos de Fernando Haddad no segundo turno. Enquanto Bolsonaro recebeu 66,42% dos votos, o que representou 1.085.824 de votos, Haddad teve 549.001 votos.
Fonte: gazetadigital
Autor: Pablo Rodrigo Foto CNA/Wanderson Araújo/Trilux