A expectativa era enorme na estreia do português Vitor Pereira no Corinthians. Mas o São Paulo de Rogério Ceni teve uma atuação tática impressionante. Calleri marcou o gol que decidiu o clássico, aos 52 segundos
Foi o duelo da intensidade contra a objetividade.
E com a vitória da frieza do São Paulo contra a emoção do Corinthians.
No melhor jogo tático, até agora do Campeonato Paulista, com direito à chuva de granizo, temporal, queda de energia, partida sem VAR, bola na trave, grandes defesas de Tiago Volpi, de Cássio, perseguições individuais a Renato Augusto, Paulinho e Roger Guedes.
O emocionante clássico foi decidido aos 52 segundos.
Rodrigo Nestor surgiu de surpresa pela direita, atraiu Gil, o esperto Calleri se aproveitou da falta de cobertura, teve tempo de dominar a bola e fulminar Cássio.
1 a 0, São Paulo, que perdurou até o final da partida.
Eu achava que era um jogo que tinha que ter pressão. Sabíamos que eles têm um bom jogo, que jogam bem por dentro com jogadores que são bons de bola. Por sorte, conseguimos fazer o gol rápido, igual pelo Brasileirão. Eu acreditava que poderia acontecer a mesma coisa. E aconteceu", comemorava Calleri.
"Acho que foi muito parecido com o jogo do ano passado. Entramos desligados e tomamos o gol com um minuto, depois tem que correr atrás. Grama fofa, choveu bastante. Tentamos, mas a bola não entrou. Vamos usar esse final de Paulista para aprender bastante com o Vitor Pereira", dizia, irritado, Renato Augusto.
Os dois times são líderes de seus grupos, encaminhados para as quartas-de-final.
O gol precoce mudou completamente a dinâmica da partida. O São Paulo assumiu a postura traiçoeira de duas linhas de marcação, uma de quatro e outra de cinco jogadores. Com apenas Calleri mais à frente.
O estreante Vitor Pereira aceitou a provocação e tratou de adiantar o Corinthians, buscando, de qualquer maneira não perder logo sua primeira partida. Teve o domínio, a posse de bola. Mas sofria contragolpes perigosíssimos.
Rogério Ceni treinou muito a marcação individualizada, o que é raro no futebol brasileiro, adepto por setor.
Rodrigo Nestor era a sombra de Renato Augusto, Pablo Maia a de Paulinho e Arboleda, de Roger Guedes. A recomposição do São Paulo, sem a bola, era impressionante. Trabalho tático muito bem feito.
O Corinthians havia entrado em campo com a mesma estrutura tática, com suas cinco estrelas, que estava dando mais do que certo com o interino Fernando Lázaro: Renato Augusto, Giuliano, Paulinho, Willian e Roger Guedes.
Vitor Pereira fez uma mudança interessante. Como o Corinthians não tem um artilheiro com explosão, vigor, para ser titular, ele tratou de surpreender, pedindo em vários momentos para que o meio-campista Giuliano ficasse improvisado entre os zagueiros. A ideia era que usasse seu porte físico. Está mais do que claro que Roger Guedes detesta atuar pelo meio, de costas para o gol. Esta é uma falha enorme do elenco corintiano.
Paulinho era o privilegiado do esquema. Teve toda a liberdade para se preocupar apenas com a articulação do ataque. Willian, em compensação, teve de se desdobrar para atacar como ponta esquerda e ainda ajudar a fechar o meio-campo, para que Du Queiroz não ficasse sobrecarregado.
Renato Augusto teria de ditar o ritmo do Corinthians, circular pelas intermediárias com a bola dominada.
Mas a montagem da equipe por parte de Rogério Ceni foi cruel. Estruturada para travar a engrenagem corintiana. Sem a bola, a perseguição individual aos três jogadores mais perigosos do rival. De maneira insana, até cansar e pedir substituição.
"Nós sabíamos que eles têm jogadores importantes, que jogaram na Europa. Tínhamos de ser firmes na marcação", confessava, Rodrigo Nestor. Ele teve a melhor atuação com a camisa do São Paulo. Foi o melhor em campo. Além de aparecer de surpresa no ataque, dando até a assistência para o gol de Calleri, ele anulou o cérebro corintiano: Renato Augusto.
Vitor Pereira gritou muito, adiantou a marcação. O Corinthians tentou triangulações, fez a bola rodar, incentivou jogadas individuais, dribles. Mas o São Paulo foi quase perfeito na marcação.
Houve duas chances claras para o Corinthians, no entando, a primeira, aos oito minutos do primeiro tempo, quando Fagner conseguiu descobrir Paulinho entrando na área, na única vez que Pablo Maia não o acompanhou. O chute foi na trave de Volpi.
E, na sequência da jogada, Willian cruzou, Paulinho furou, a bola sobrou para Piton bater para o gol. O desvio de Arboleda parecia fatal. O tão criticado goleiro fez uma defesa impressionante.
s duas equipes lutaram muito. O time tricolor quase que irreconhecível, com garra e determinação poucas vezes vistas nos últimos anos. O Corinthians já sem tanta consciência, apelava para cruzamentos, forçava chutes. Mas não venceu a barreira montada por Ceni.
Vitória mais do que justa do São Paulo.
E que demonstra que os treinadores brasileiros também entendem de tática.
Ceni deu as 'boas-vindas' a Vitor Pereira...
Fonte: R7
Autor: COSME RÍMOLI | Do R7