Vinte e nove mulheres acusadas de crimes cruéis contra crianças, entre elas os próprios filhos, estão presas no “raio seguro” da Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, em Cuiabá. Elas representam 13% do total de 218 recuperandas da unidade, destas 120 presas condenadas e 98 provisórias, que aguardam sentença pelos crimes.
O raio seguro fica em uma ala separada das demais, para evitar o contato dessas presas com as outras e, com isso, preservar a integridade delas. Isso porque, se colocadas com as demais, poderiam ser executadas em decorrência da revolta que os tipos de crimes provocam na comunidade carcerária.
A última que foi encaminhada para a penitenciária é Ramira Gomes da Silva, 22, acusada de asfixiar, esquartejar e ocultar o corpo do filho Brian, de 4 meses, na cidade de Sorriso (420 km ao norte). O crime ocorreu na madrugada de 14 de maio.
Ainda ocupam a ala Jaíra Gonçalves de Arruda, 42, acusada de matar envenenada a enteada de 11 anos, em junho de 2019.
O casal homofafetivo Luana Marques Fernandes, 26, e a namorada dela, Fabíola Pinheiro Bacelar, 23, acusadas de matar a chutes o filho de Luana, Gustavo Marques de Souza, de 3 anos, no município de Nova Marilândia também estão no raio seguro. Ainda tem como companhia outra mulher que matou 2 crianças, sobrinhas, durante rituais cruéis. De acordo com a administração da unidade, ainda ocupam o espaço presas acusadas de envolvimento em abusos sexuais dos próprios filhos.
Por questões de segurança, a direção não fornece detalhes sobre a rotina e o atendimento às presas. Só garante que elas ficam em um setor isolado das demais e dos outros raios.
Isso porque crimes violentos praticados contra a vida e integridade de crianças e idosos geram a mesma comoção no presídio como fora de seus muros. As autoras estão sujeitas a serem alvos de ‘justiça’ feita com as próprias mãos pelas companheiras.
A policial penal Jacira Maria da Costa Silva, que hoje preside o Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado (Sindspen), já atuou por 2 anos dentro da unidade e assegura que desde que inaugurada, abrigou mulheres acusadas de crimes contra crianças. Mas diz que é visível que o número tem crescido e acredita que no atual quadro da pandemia do coronavírus, muitos outros crimes violentos terão crianças como vítimas, aumentando esta proporção, lamentavelmente.
Fonte: gazetadigital
Autor: Silvana Ribas Foto Chico Ferreira