Quando o Papa João Paulo II esteve em Cuiabá, em 17 de outubro de 1991, a analista jurídica Suzana Girão tinha apenas dez e estava entre as centenas que foram em busca de uma benção do líder católico no ginásio da UFMT. Mas foi uma das poucas a receberem um abraço dele.
Hoje com 39 anos, Suzana costuma contar a história do abraço abençoado apenas para os mais próximos. Mas é comum que peçam para abraçá-la após ouvirem o relato.
Mesmo com temperatura de quase 40ºC, a mãe de Suzana não hesitou em fazer parte da peregrinação dos fiéis que tentavam ver a santidade de perto. Quando estava saindo, convidou a filha para irem juntas.
Apesar da pouca idade, a analista jurídica, católica de berço, já sonhava em conhecer a santidade um dia.
Fiquei com um pouco de medo, porque os seguranças pareciam que não iriam deixar eu me aproximar. O Papa só levantou a mão com um sinal de 'pode deixar' e eu o abracei
Ao MidiaNews, Suzava conta que, até hoje, se sente privilegiada por ter sido abraçada pelo Papa.
"Me sinto muito privilegiada, em especial, pela história de carisma do próprio Papa. Ele foi um dos papas mais carismáticos dos últimos anos. Vejo aquele momento como um ato de irreverência, afinal não obedeci a separação do alambrado. Mas agradeço minha mãe pela ajuda".
No ginásio, ela era mais uma na multidão de fiéis que também não se intimidaram com o calor e lotaram o complexo esportivo. No local, uma estrutura especial foi montada para sediar o encontro da juventude católica e do Papa João Paulo II.
Não foram todos que conseguiram a proeza da menina franzina que pulou a mureta que separava a arquibancada da quadra para chegar perto da santidade.
Suzana acredita ter sido uma das únicas que conseguiram abraçá-lo.
"Fiquei com um pouco de medo, porque os seguranças pareciam que não iriam deixar eu me aproximar. O Papa só levantou a mão com um sinal de 'pode deixar' e eu o abracei".
Abraço registrado em vídeo
Em um vídeo publicado no Youtube por Odenil Seba, que fez que parte da comissão de organização da visita do Papa João Paulo II naquele ano, o abraço entre Suzana e o líder católico ficou imortalizado.
Naquela época, a tecnologia ainda não permitia que todos os fiéis estivessem empunhados de seus smartphones para registrar a passagem de João Paulo II.
Por conta disso, a filmagem traz consigo as limitações daquele tempo. Entre os xiados e interferências, surge a imagem da criança agarrada na batina da santidade.
O Papa João Paulo II ainda dá um beijo na testa de Suzana antes dela correr de volta para os braços da mãe.
O único registro do momento especial era a memória.
Há seis anos, quando descobriu o vídeo publicado por Odenil no Youtube, Suzana se emocionou.
"Jesus do céu que alegria enorme ao ver esse vídeo! Estou com lágrimas nos olhos e o coração apertado!!! Eu sou a menina que corre e abraça o Papa. Essa senhora de tiara branca e cabelo chanel é a minha mãe. Já havia procurado esse vídeo e não tinha achado. Para minha alegria e de presente de aniversário, amanhã faço 33 anos, tive a lembrança de procurar o vídeo novamente", comentou na plataforma.
Mesmo tendo apenas nove anos, a situação emocionou Suzana, que aparece chorando no vídeo após o abraço abençoado.
"Sou de família católica, cresci em escola católica. Então essa relação é muito forte desde cedo. Até hoje minha mãe fala sobre isso. Ela também teve a graça de ver o Papa de perto".
Papa João Paulo II em Cuiabá
Em 1991, o Papa João Paulo II visitou várias cidades brasileiras com objetivo de aproximar os fiéis. Sem redes sociais ou tantas notícias circulando em tempo real, a distância entre o Vaticano e Cuiabá era gigantesca.
Atualmente, os quase 10 mil quilômetros foram encurtados pela internet. Mas, para os católicos cuiabanos, fervorosos por natureza, a possibilidade de ficar perto da santidade levou multidões para as ruas.
Na cidade, o Papa beijou o solo cuiabano e rezou a Santa Missa no local que ficou conhecido como Memorial Papa João Paulo II, no Bairro Morada do Ouro, onde até hoje muitos dos que fizeram parte da peregrinação assistem às missas religiosas realizadas no santuário.
Lá, também fica exposta uma das relíquias deixadas pelo Papa na Capital.
Em uma redoma de vidro, um pedaço da roupa que o João Paulo II usava no dia em que sofreu um atentado fica guardada e exposta aos fiéis.
Nela há ainda um pouco do sangue da santidade.
Fonte: midianews
Autor: BRUNA BARBOSA DA REDAÇÃO