O líder da extrema direita no Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro, estará em Mato Grosso nesta segunda-feira (8). Participará de atos para promover seus candidatos a prefeito. A maioria deles abrigada no PL, porque a extrema direita por aqui não tem um partido próprio, como o Chega, em Portugal, ou o Vox, na Espanha.
Mas além de propaganda eleitoral extemporânea, estes atos servirão para Bolsonaro colocar em ação a sua estratégia de defesa no processo que investiga a sua responsabilidade na tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito. Ele e seus acólitos queriam tomar de assalto o poder, mandando às favas o julgamento das urnas. Ele certamente convocará seus fiéis seguidores de Mato Grosso para o ato que realizará no Rio de Janeiro. O tema: dizer que a verdade é mentira, uma especialidade de Bolsonaro.
Ele publicou um vídeo neste sábado (6) convocando uma nova manifestação para se defender das acusações de ter tramado um golpe para manter-se no poder. Desta vez, o ato ocorrerá no Rio de Janeiro, em 21 de abril, à beira mar, em Copacabana.
“Estamos discutindo, levando informações para vocês, juntamente com autoridades e o pastor Silas Malafaia, sobre o nosso Estado Democrático de Direito. E também falarmos sobre a maior fake news da história do Brasil, que está resumida hoje na minuta de golpe”, disse o ex-presidente.
A estratégia de matar a verdade com a arma da mentira é ousada. Sim, porque os fatos são subversivos. Por mais que tentem destruir eles permanecem vivos. Vale lembrar dos fatos recentes e graves: Bolsonaro foi acusado de liderar um golpe contra a democracia pelos próprios comandantes das Forças Armadas do Brasil:
Os ex-comandantes do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, e da Força Aérea Brasileira (FAB), tenente-brigadeiro do ar Carlos Baptista Júnior, confirmaram à Polícia Federal a pressão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por um golpe de Estado para se manter no poder.
A CNN teve acesso às íntegras dos depoimentos dos dois militares da reserva que falaram no inquérito na condição de testemunhas.
Nesses encontros, o ex-presidente apresenta uma “hipótese de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e outros instrumentos jurídicos como o Estado de Defesa ou Estado de Sítio” para permanecer no poder.
Freire Gomes e Baptista Júnior, em seus esclarecimentos, também implicaram diretamente o ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, general Paulo Sérgio Nogueira, e o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, na elaboração de um plano golpista.
O ex-ministro da Defesa foi apontado, segundo as investigações, como um articulador da minuta golpista, enquanto Torres era uma espécie de “tradutor jurídico” para os três comandantes.
Bolsonaro vai precisar começar o seu ato da mentira contra a verdade acusando o general e o tenente-brigadeiro de infames mentirosos a serviço do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Fora isso, será o teatro mediático de sempre, colocando-se como vítima de uma trama e invocando a religião como instrumento da mentira. Vai vender a ideia de que Deus está ao seu lado contra a “espada bandida” da Justiça dos homens.
A conferir como o “Mito” começará a operar o seu milagre da transubstanciação. Na Eucaristia da Igreja Católica, trata da mudança da substância do pão e do vinho na do corpo e do sangue de Jesus Cristo. Na doutrina do Bolsonarismo é a mudança do fato para simples opinião, da verdade em mentira. Neste caso, na construção da narrativa que lhe seja útil para continuar o seu papel de líder da extrema direita brasileira.
Fonte: pnbonline
Autor: Pedro Pinto de Oliveira