Os novos bloqueios em rodovias federais de Mato Grosso têm sido tomado por uma escalada de violência desde a última sexta-feira (18), quando manifestantes bolsonaristas voltaram a interditar rodovias em diversas cidades do Estado. Informações apontam uso de armas de fogo nas concentrações, apedrejamento e fogo de veículos que tentam furar bloqueios.
A convocação para a “segunda onda” do "pára tudo” surgiu após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar o bloqueio de 43 contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas suspeitas de atuar na promoção dos atos de cunho golpista em frente às sedes de quartéis.
Vídeos e áudios que circulam em redes sociais, contudo, dão conta de um maior emprego de violência por parte dos integrantes dos atos, inclusive com o uso de armas de fogo. O objetivo é intimidar quem tentar furar as barreiras.
Outra tática, agora com o intuito de impedir a passagem dos veículos, é apedrejá-los. Vídeo gravado da cabine de um caminhão mostra dois homens jogando pedras no para-brisa de uma carreta com o objetivo de não deixar o motorista deixar seguir viagem. O caso foi neste sábado (18), na BR-163, em Sinop (a 500 km de Cuiabá).
“Aqui em Sinop o clima está tenso. Quem tenta furar o bloqueio é apedrejado pelos manifestantes”, diz um homem em um áudio que correu por grupos de aplicativos de mensagens.
Também em Sinop, uma outra filmagem capta o exato momento em que dois homens são cercados e agredidos com socos e chutes dados por manifestantes. Policiais rodoviários aparecem na gravação e, mesmo com a presença dos agentes, os rapazes sofrem mais agressões. Os dois são algemados e detidos.
De acordo com o autor da narração desse vídeo, os homens no caso “são do PT” e teriam chegado até a concentração dos manifestantes dando tiro para cima a fim de provocá-los. “A ‘petezada’ passou aqui dando tiro e a federal [Polícia Rodoviária] estava aqui e pegaram eles”, diz.
Na noite deste sábado, uma base da Rota do Oeste de Lucas do Rio Verde, concessionária que administra a BR-163, foi atacada por manifestantes. O grupo ateou fogo em um caminhão guincho e apedrejou uma ambulância.
A administradora, por meio da assessoria, confirmou o caso e disse que “a polícia vai apontar os responsáveis”. Até o momento não há informações de que os autores do ataque à base da Rota são também participantes dos atos de bloqueios das rodovias.
Na noite da última quinta-feira (17), em Nova Mutum, um jornalista do SBT que realizava uma transmissão ao vivo numa rede social foi obrigado a desligar o celular e encerrar a gravação. O repórter cobria o início dos bloqueios da BR-174.
A determinação para que ele parasse a filmagem partiu de um dos manifestantes, que disse ter sido orientado por outras pessoas a não conversar, mas sim a “chegar na voadora”.
Outro fator que tem mudado nas manifestações iniciadas na sexta-feira é o modo como as rodovias são bloqueadas. Agora, além dos já habituais pneus, pedaços de madeiras e até de árvores, os manifestantes têm utilizado óleo, pregos e areia nas pistas.
Uma dessas cargas de terra foi despejada na noite de sexta-feira no KM-582 da BR-163, em Nova Mutum, provocando um engavetamento entre 3 carretas. Ninguém se feriu.
Manifestação das autoridades
Durante todo o sábado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) emitiu apenas um boletim informativo atualizando o número de bloqueios nas estradas. Às 11h da manhã, havia 13 pontos interditados parcial ou totalmente. O comunicado foi disponibilizado no Twitter da corporação.
Com relação aos casos de violência, foi solicitado um posicionamento da PRF, mas a corporação não respondeu aos questionamentos da imprensa.
A Secretaria de Segurança Pública (Sesp-MT) se manifestou na sexta-feira à noite, primeiro dia dos atos. Em nota encaminhada à imprensa, a pasta disse “que as forças policiais estaduais continuam acompanhando e atuando de forma integrada com as forças federais em manifestações nas rodovias, em cumprimento da decisão do ministro Alexandre de Moraes”.
O informativo continua e a secretaria diz que, “por haver maior concentração de manifestantes e protestos em vias federais, coube à Polícia Rodoviária Federal (PRF) a função de elaborar o planejamento das medidas de reforço a serem adotadas”,
No início de novembro, no entanto, o ministro Alexandre de Moraes apontou que as polícias militares, chefiadas pelos governos estaduais, também podem atuar na desobstrução das rodovias federais.
"As polícias militares dos estados possuem plenas atribuições constitucionais e legais para atuar em face desses ilícitos, independentemente do lugar em que ocorram, seja em espaços públicos e rodovias federais, estaduais ou municipais, com a adoção das medidas necessárias e suficientes, a critério das autoridades responsáveis dos poderes executivos estaduais, para a imediata desobstrução de todas as vias públicas que, ilicitamente, estejam com seu trânsito interrompido".
Fonte: gazetadigital
Autor: Rodrigo Costa Foto WhatsApp