A impossibilidade de sair de casa durante a pandemia evidenciou e acentuou a dependência que existe em relação aos aparelhos eletrônicos. Em razão disso, hoje, notam-se algumas consequências pelo uso excessivo dessas ferramentas, como os problemas oculares.
No período mais extremo em que a população viveu durante os picos da Covid-19 no Brasil e no mundo, as quatro paredes das residências foram os refúgios mais seguros.
Dentro desse cenário, empresas, trabalhadores e estudantes precisaram se adaptar à nova rotina e o mundo online tornou-se a o único meio viável de executar essas atividades. Dessa forma, crianças, adultos e idosos passaram a ficar horas na frente de seus computadores, celulares e tablets.
Sendo uma das áreas mais sensíveis do corpo, os nossos olhos foram os mais expostos ao brilho excessivo e à radiação das telas. O oftalmologista Adriano Jorge Mattoso Rodovalho explica que este problema já era debatido entre os profissionais da área, mas acabou se agravando quando os eletrônicos viraram não só um acessório, mas o meio principal de lazer e trabalho.
Crianças que não tinham problemas acabam ficando míopes por causa do uso frequente dos eletroeletrônicos
O grupo mais afetado, segundo o oftalmologista, é o das crianças. Acostumados desde bebês com os aparelhos eletrônicos, durante a pandemia, os pequenos ficaram ainda mais grudados nas telas.
Isto porque, sem as horas livres nas escolas e sem poder brincar ao ar livre, muitos pais optavam por entretê-los de forma online. Isso sem contar as horas de EAD (Ensino à Distância) em frente aos computadores e celulares.
“Crianças que não tinham problemas acabam ficando míopes por causa do uso frequente dos eletroeletrônicos”, explica o oftalmologista em entrevista ao MidiaNews.
O médico ainda afirma que em adultos o tempo excessivo e sem cuidado exposto aos eletrônicos também podem ocasionar doenças oculares, principalmente na retina, como em casos de catarata. O problema, se não tratado, pode levar a perda progressiva da visão.
Além desses problemas mais graves, o médico explica que o uso sem moderação dos eletrônicos agravou os quadros de quem já sofria com problemas de visão, ocasionando o aumento de grau em alguns pacientes.
Reflexos da pandemia
Não bastando os problemas acentuados pela exposição às telas, a Covid-19 também retardou a busca por ajuda. O oftalmologista relata que nos picos da pandemia, muitos pacientes sentiam medo de ir ao consultório em seus retornos.
“Pacientes que teriam grau de óculos para trocar, que às vezes estavam mal informados em relação ao uso do computador, ficaram suborientados”, lembra.
É importante a gente ter orientação para que as pessoas não tenham dificuldades e problemas futuros. O que você precisa fazer são ações preventivas, porque uma vez que desenvolve o quadro você só vai tratar os sintomas.
Apesar de sentirem incomodo, os receosos preferiram não buscar atendimento para evitar a possibilidade de contágio.
O médico ainda relata que, nesses casos, algumas pessoas nunca tinham usado óculos na vida e chegarem ao consultório reclamando da visão. Acabavam recebendo o diagnóstico indicando a necessidade de grau.
Com essa falta de consultas, Adriano afirma que houve uma subnotificação do que estava ocorrendo com os pacientes na época da pandemia. Apesar das consequências, o médico é enfático ao dizer que a pandemia só evidenciou algo que já ocorria antes do vírus.
Agora, com a rotina voltando lentamente ao normal, o profissional conta que vem percebendo um comportamento diferente naqueles que voltaram a comparecer nas consultas.
Segundo ele, o uso das tecnologias está influenciando os pacientes a fazerem as próprias pesquisas quando se sentem incomodados com a visão.
Muito mais familiarizados com a internet, eles agora estão mais ágeis para entender quando precisam de ajuda. No entanto, Adriano enfatiza a importância do profissional, para que os pacientes não sejam vítimas de notícias ou diagnósticos falsos.
Formas de prevenção
Sendo inevitável se ver livre do uso dos aparelhos eletrônicos, o oftalmologista orienta que, pelo menos, as ferramentas sejam utilizadas com parcimônia quando há essa opção.
No caso das crianças, o profissional entende que a internet pode ser um mundo de desenvolvimento das atividades cognitivas, mas explica que é preciso impor limites e não deixar o pequeno horas em frente a tela.
Nos momentos que o menor deseje assistir um filme, ou ver um vídeo no YouTube, Adriano instrui que os responsáveis optem pela televisão, que agride menos a visão sensível da criança.
Para aqueles que precisam trabalhar em frente ao computador ou sempre no celular, o oftalmologista afirma que é necessário dar um descanso para os olhos de pelo menos 15 minutos a cada uma hora.
Manter a distância correta do computador e ajustar a luminosidade dos aparelhos também é algo necessário para poupar a retina. Em caso de quem já utiliza óculos, Adriano explica que é preciso consultar seu médico de confiança para que ele possa aconselhar o paciente nos melhores ajustes para a lente, como o uso dos antirreflexos.
“É importante a gente ter orientação para que as pessoas não tenham dificuldades e problemas futuros. O que você precisa fazer são ações preventivas, porque uma vez que desenvolve o quadro você só vai tratar os sintomas”, finaliza.
Fonte: midianews
Autor: VITÓRIA GOMES DA REDAÇÃO Foto Arquivo Pessoal