Ao assinar o decreto que protege os alunos do Corpo de Bombeiros e não determinar o uso de câmeras nas fardas dos PMs, o governador Mauro Mendes institui em Mato Grosso a “cidadania desigual”.
As câmeras que protegerão as vidas dos alunos do Corpo de Bombeiros são as mesmas que deveriam proteger as vidas dos cidadãos de Mato Grosso. É preciso estabelecer o mesmo peso, a proteção da vida e da cidadania em relação às ações de excessos cometidos pelos responsáveis pelo treinamento de novos soldados do Corpo de Bombeiro e em relação à atuação de soldados da Polícia Militar em suas operações ostensivas. Inclusive, em muitos casos, as câmeras nos uniformes dos PMs e câmeras para a gravação dos treinamentos do Corpo de Bombeiros protegerão os militares que agem de forma correta, dentro dos parâmetros da lei.
Por isso, o decreto assinado pelo governador Mauro Mendes (União) no último dia 15, o chamado Decreto Lucas Veloso Peres, obrigando a gravação de todo o processo de treinamento das forças de Segurança do Estado de Mato Grosso, é moralmente falho, porque defende apenas a integridade dos alunos militares. Para a população civil, resta o desprezo. As câmeras nas fardas dos PMs é um tema considerado desprezível pelo governador, não interessa à política da segurança do vale tudo. A lógica desta política, bandido bom é bandido morto, tem uma autorização implícita para a ação policial livre da fiscalização moderna, transparente e necessária para um Estado Democrático de Direito. A câmera nas fardas é um direito do cidadão-contribuinte que paga o Estado para protegê-lo. Sem as câmeras nas fardas, o erro, o excesso, tudo que possa afetar o cidadão-contribuinte é considerado um “dano colateral”. A sociedade deve ser convencida, submissa, que danos colaterais podem de acontecer, e ponto final? Se um cidadão honesto morrer durante uma ação das forças do Estado o não uso de câmeras nas fardas protegerá o mau policial, dificultando a apuração do crime por parte da Justiça.
Ao assinar o decreto que protege os alunos do Corpo de Bombeiros e não determinar o uso de câmeras nas fardas dos PMs, o governador Mauro Mendes institui em Mato Grosso a “cidadania desigual”. Para os bombeiros militares, a proteção das câmeras. Para os civis, a farda dos policiais sem câmera. O povo entregue apenas à proteção de Deus.
Fonte: pnbonline
Autor: Pedro Pinto de Oliveira