Indignada com o resultado da sentença e ainda à espera de julgamento de recurso sobre a morte do filho Rodrigo Claro, Jane Claro fez desabafo em redes sociais após nova denúncia contra a tenente Izadora Ledur, acusada de torturar o soldado até a morte. A nova acusação é sobre o tratamento ao ex-aluno do Corpo de Bombeiros, Maurício Santos.
Maurício foi testemunha no processo que tratava da morte de Rodrigo e também moveu ação contra a oficial, treinadora do curso de salvamento aquático, que vitimou o jovem militar. O rapaz alega que também sofreu maus tratos por parte da tenente durante o curso, que não era o mesmo de Claro.
No ano passado, Ledur foi condenada a pouco mais de um ano pelos maus tratos contra Rodrigo Claro. A família recorreu da decisão, mas o Tribunal de Justiça ainda não julgou a apelação.
Em texto publicado na rede social, a mãe de Rodrigo afirmou que o Corpo de Bombeiros foi omisso quanto ao comportamento da militar e a Justiça Militar não aplicou a pena adequada ao crime praticado. Dessa forma, a oficial teria seguido “impune”.
“Julgaram o caso de um jovem que morreu e não pode falar por ele, quem falou por ele foram os colegas que presenciaram todo ato durante travessia da Lagoa Trevisan, porém, agora o Ministério Público oferece denúncia de um novo caso cujo a vítima está viva e pode falar tudo que passou nas mãos desse monstro que atende pelo nome Isadora Ledur. Será que teremos um final diferente nesse novo caso?”, escreveu a mãe.
Segunda a nova denúncia, a tortura contra Maurício também ocorreu em 2016, na Lagoa Trevisan. Na ocasião, o aluno sentiu câimbras e pediu ajuda aos colegas, porém a tenente proibiu o auxílio e mandou que todos seguissem a travessia, deixando o rapaz para trás.
Além de impedir que os demais o ajudassem, ela passou a afogá-lo e fazer tortura psicológica. O rapaz se agarrou na instrutora e pediu que parasse, pois já tinha engolido muita água e estava perdendo a consciência.
“A denunciada, por sua vez, além de o repreender gritando: ‘Você está louco? Aluno encostando em oficial’, só interrompeu a sessão de afogamento quando a vítima perdeu a consciência”, consta na denúncia.
O documento é assinado pelo promotor de Justiça Paulo Henrique Amaral Motta e foi encaminhado à 11ª Vara Criminal de Cuiabá, que ainda não decidiu pelo recebimento ou não da acusação.
Confira texto de Jane Claro na íntegra
"Não é o caso do meu filho Rodrigo Claro esse já é outro.
Aí longo de 5 anos lutei por justiça pelo que esse mesmo ser fez com meu filho, mas infelizmente o Comando do Corpo de Bombeiros e muitos Militares que deveriam dar o exemplo em não aceitar tais atitudes dentro da instituição, deram a ela total apoio e a Justiça Militar de Mato Grosso, que tinha o poder de julgar o caso, permitiu que ela seguisse em liberdade mesmo ela julgando meu filho a Pena de Morte, sem dar a ele nem uma chance de defesa.
Julgaram o caso de um jovem que morreu e não pode falar por ele, quem falou por ele foram os colegas que presenciaram todo ato durante travessia da Lagoa Trevisan, porém, agora o Ministério Público oferece denúncia de um novo caso cujo a vítima, está viva e pode falar tudo que passou nas mãos desse monstro que atende pelo nome Isadora Ledur..
Será que teremos um final diferente nesse novo caso?
Será que será visto com outros olhos, ou vão dar novamente a esse monstro carta branca para seguir torturando jovens, roubando sonhos e destruindo vidas?
São perguntas que ficam e só quem poderá responder é as nossas ditas autoridades, mais uma vez queremos acreditar que a Justiça será feita, mais uma vez queremos acreditar que no nosso Estado de Mato tenha uma justiça imparcial, mas essa Justiça até aqui, tem trocado seu nome para INJUSTIÇA e queremos e torcemos para que volte a se chamar JUSTIÇA. Queremos acreditar, queremos confiar nos Juízes, queremos acreditar nas nossas autoridades, mas diante de tudo que vivenciei ao longo desses 5 anos buscando por Justiça, está cada dia mais distante a credibilidade da Justiça de MT e do Brasil de modo geral.
Que Justiça seja feita por vc Maurício.
Que Justiça seja Feita por vc meu filho Rodrigo Claro.
Que Justiça seja feita por tantos jovens que já perderam suas vidas nesses malditos cursos de formação Militar".
Caso Rodrigo Claro
No dia 10 de novembro de 2016, o soldado participava de um treinamento de salvamento aquático, na Lagoa Trevisan, em Cuiabá. Testemunhas relataram que ele recebeu vários caldos (afogamentos) da oficial Izadora Ledur e também foi intimidado por ela a cada vez que queria desistir da capacitação, pois se sentia mal.
Naquele dia, mesmo sem autorização da tenente, Claro saiu do curso se sentindo mal. Sozinho, ele seguiu de moto até unidade do Corpo de Bombeiros, no bairro Verdão. De lá, foi para a policlínica, situada em frente ao quartel.
Ele começou a convulsionar e foi internado em hospital particular. Foi diagnosticada a hemorragia cerebral. Ele passou por cirurgia, mas não resistiu e morreu no dia 15.
Logo após a morte, o Corpo de Bombeiros instaurou Inquérito Policial Militar (IPM), que conclui a conduta irregular da tenente. O material foi encaminhado para o Ministério Público Estadual (MPE), que pediu a condenação de Ledur por tortura e exclusão da corporação.
Fonte: gazetadigital
Autor: Jessica Bachega Foto João Vieira