HOMICÍDIO DE CHEF - 1 ANO DEPOIS
O assassinato do chef de cozinha João Guilherme Velasco Pereira, ocorrido em Sinop, completa um ano na próxima quinta-feira (28) sem uma solução.
Mãe de João Guilherme, a jornalista Rose Velasco falou sobre a indignação que sente diante da falta de respostas das autoridades. “Não há crime perfeito, há crime mal investigado”, diz.
O rapaz, de 25 anos, foi seguido e abordado por uma dupla em uma motocicleta, logo após sair do restaurante em que trabalhava.
Ao longo de um ano de investigações, que segue em segredo de justiça, pouca ou nenhuma resposta foi dada sobre a autoria e motivação do crime.
“O sentimento é de indignação diante da falta de solução, diante da falta de esclarecimento do crime que, até o momento, não teve nenhuma resposta concreta”, desabafou a jornalista.
Além da falta de provas, segundo Rose, em uma última conversa, o delegado do caso se queixou de dificuldades na investigação diante da falta de pessoal.
“Eu creio que um dia haverá respostas, mas é preciso que o Estado dê essas condições para o delegado, que a Secretaria de Segurança Pública reforce essa equipe. Tenho acompanhado as ocorrências em Sinop e me assusta muito. É uma cidade muito violenta”, afirmou.
Não sei o que aconteceu naquele dia na delegacia, mas se tivessem policiais, se eles tivessem ouvido os tiros, se tivessem veículos para sair em perseguição, naquele momento eles poderiam ter prendido os assassinos
Rose ainda destacou circunstâncias que, para ela, podem ter prejudicado a investigação. Dentre elas o fato do crime ter sido cometido próximo à delegacia e a Polícia só aparecer após ser acionada por terceiros.
“Não sei o que aconteceu naquele dia na delegacia, mas se houvesse policiais, se eles tivessem ouvido os tiros, se tivessem veículos para sair em perseguição, naquele momento eles poderiam ter prendido os assassinos”.
De acordo com Rose, desde o início foram observados detalhes que mostram falhas. “Eu não estou convencida de que a investigação está sendo feita de forma eficaz, que apresente algum resultado”.
No dia 28 de abril será realizada uma missa em homenagem ao João Guilherme, na Paróquia Divino Espirito Santo do CPA I, como são realizados todos os meses no dia de sua morte.
Última versão apresentada à família
A última versão apresentada pela polícia à família é a suspeita de que o crime foi cometido em razão da orientação sexual chef de cozinha. “A versão que nós temos até agora, da própria Polícia, é essa”, disse Rose.
De acordo com essa versão, a homossexualidade de João Guilherme teria “incomodado” e uma pessoa teria feito uma reclamação para um chefe dentro de uma organização criminosa.
“E esse chefe, se isso é possível dizer, para lavar a honra da organização criminosa, mandou executar o meu filho, para que servisse de exemplo, para que ninguém se envolvesse com gay”.
Segundo a jornalista, João Guilherme teria tido um relacionamento com o membro de uma organização. Esse membro teria sido vítima de um salve e seu filho, “sentenciado” à morte.
“Ninguém levou nada, foi um crime de ódio, um crime de mando, alguém mandou executá-lo”, disse.
“A nossa família espera uma resposta, por mais que isso não o traga de volta, mas a gente precisa que o poder público dê uma resposta”.
À imprensa a hipótese de que João tenha sido vítima de homofobia, morto por engano ou até que o crime tenha tido motivação passional foi descartada pela Polícia.
Através dos depoimentos de amigos e familiares, a Polícia Civil constatou também que o chef não tinha dívidas ou envolvimento com ilícitos.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Polícia Civil, no entanto, não há atualizações que possam ser reveladas sobre o caso no momento.
Relembre o caso
João Guilherme foi morto na noite de 28 de abril, quando saia do restaurante em que trabalhava, o Chalé do Italiano.
Ele foi abordado por dois homens em uma motocicleta. O garupa sacou a arma e efetuou os disparos. O crime foi registrado por câmeras de segurança que mostraram o momento exato da execução.
Fonte: midianews
Autor: LIZ BRUNETTO DA REDAÇÃO Foto Reprodução/ MidiaNews