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24 de Outubro de 2022

Mais de 600 mil pessoas não têm comida garantida no prato

Mais de  600 mil pessoas não têm comida garantida no prato

Produção agrícola de Mato Grosso cresceu 16 vezes nos últimos 20 anos e chegou a 86,5 milhões de toneladas na safra 2021/2022. “Celeiro do Brasil” e com faturamento bruto no campo de R$ 218,6 bilhões em 2022, recorde nacional, o Estado tem também a maior proporção de domicílios em situação grave de insegurança alimentar, com 17,7%, comparado com as demais 26 unidades federativas.  

 

Além disso, 34,2% das residências com crianças de até 10 anos estão submetidas a escassez de alimentos. Média que é o extremo do Distrito Federal (9%) e superior a todos os estados do Sul, da maioria do Sudeste - exceto Rio de Janeiro (39,1%) -, além da Paraíba (33,8%), na região Nordeste.  

 

Mato Grosso detém, ainda, a maior parcela da população (16,9%) do Centro-Oeste vivendo com a menor faixa de renda, ou seja, um quarto (1/4) de salário mínimo. A capacidade das famílias de garantir alimentação é influenciada, entre outros fatores, pelo rendimento, escolaridade, condições de emprego e nível de endividamento, bem como inclusão em programas de transferência de renda, segundo os pesquisadores do 2º Inquérito Nacional da Insegurança Alimentar no Brasil no Contexto da Covid-19 - II Vigisan, produzido pela Rede Penssan.  

 

Nos domicílios com menores de 10 anos o pleno acesso aos alimentos fica abaixo da média nacional (33%) em todos os estados do Centro-Oeste. Em Mato Grosso, apenas 28,9% das famílias com crianças vivem em situação de segurança alimentar, revela o estudo.  

 

“Em um estado agroindustrial e com apenas 3 milhões de habitantes, (a fome) é a vergonha das vergonhas”, critica o economista Vitor Galesso.  

 

“Teríamos que garantir alimentação por meio de políticas de amparo social, inclusive com restaurantes públicos”, diz. Para avançar no desenvolvimento econômico e acabar com a fome, é fundamental uma política de Estado -e não de governos - de longo prazo, sem visar apenas reeleição. Almejar o crescimento econômico com geração de emprego e renda, contemplando as diferenças regionais, considera Galesso. “Temos o 7º PIB per capita do Brasil. Como justificar o fato de termos cerca de 631 mil pessoas sob insegurança alimentar grave? Isso representa 17,7% de nossa população”, observa o economista Jonil Vital de Souza.    

Fonte: gazetadigital

Autor: Silvana Bazani Foto Otmar de Oliveira