Impunidade da Justiça em relação à tortura e morte por afogamento do soldado Abinoão Soares de Oliveira durante treinamento em Mato Grosso é lembrada quando se completam 11 anos do crime, ocorrido em 24 de abril de 2010. Mais uma vez o julgamento do caso é adiado pela 11ª Vara Criminal Especializada Justiça Militar, que teve nova data marcada para 5 de junho.
O filho de Abinoão, Anderson Matheus Mota de Oliveira, 26, ainda luta para que a morte do pai, que era o alicerce da família, não continue impune. Dos 16 denunciados pela morte, o acusado de matar Abinoão por afogamento morreu na sexta-feira (23). Para Anderson, o tenente-coronel Carlos Evane Augusto, 43, apesar de ter destruído sua família, nunca
respondeu pelos seus atos.
Anderson reside em Alagoas, estado onde o pai atuava como policial militar na época em que veio até Mato Grosso participar em um treinamento oferecido pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope). Lembra que Abinoão, no decorrer de sua carreira, havia participado de diversos cursos de formação e integrava a Força Nacional de Segurança. Dois meses depois da morte, durante treinamento na lagoa de Manso, a mãe dele, Severina, também morreu, pois desistiu de continuar o tratamento contra um câncer que a acometia.
A promessa da festa de 15 anos do filho também não pode ser cumprida. “Meu pai era uma pessoa que levava alegria para
onde ia. Em torno dele a família se reunia. Sempre otimista, cuidando de todos”. Em relação à punição dos responsáveis pelo afogamento do soldado e pelo sofrimento que isso trouxe a todos os familiares, Anderson disse já não ter muitas expectativas. Lembra que praticamente 2 meses depois da morte já havia provas suficientes de que o pai foi torturado até
morrer afogado. Mesmo assim, os responsáveis têm protelado qualquer tipo de punição há mais de 10 anos.
Fonte: gazetadigital
Autor: Silvana Ribas Foto Arquivo