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11 de Setembro de 2021

MP não tem dúvida que casal matou empresária a mando do ex-marido

MP não tem dúvida que casal matou empresária a mando do ex-marido

A 2ª Promotoria de Justiça Criminal de Lucas do Rio Verde (a 354km de Cuiabá) ofereceu denúncia contra Cláudio Valadares dos Santos por feminicídio qualificado praticado contra a companheira Indiana Geraldo Tardett. Também foram denunciados pelo homicídio Márcio Andrade dos Santos e Jucilene Batista Rodrigues, executores do crime sob encomenda do marido da vítima. Os três responderão ainda por fraude processual, em razão de terem alterado a cena do crime para indicar que fosse suicídio.        

Cláudio e Indiana mantinham união estável desde 2016 e eram sócios em uma empresa no ramo de manutenção de aeronaves, em que ela era responsável pela parte financeira/gerencial e ele pela parte operacional. Nos dias que antecederam os crimes, o casal, que já tinha um relacionamento conturbado e marcado por relacionamentos extraconjugais, iniciou processo de separação. Por considerar-se o único proprietário da empresa regida por ambos e único detentor de todos os direitos concernentes ao negócio, Cláudio queria se livrar a qualquer custo de sua companheira e, consequentemente, da própria divisão patrimonial equânime.    

Assim, ele entrou em contato com o sacerdote de candomblé Márcio, popularmente conhecido como “Pai Baiano”, que conhecia o casal havia alguns anos e prestava auxílio espiritual a eles, e confidenciou que o relacionamento estava insustentável, e que não só era preciso “desamarrar a relação”, mas sim “colocar Indiana no caldeirão do satanás”. Márcio pediu auxílio a Jucilene, que também trabalhava com rituais de candomblé, para executar o crime. Eles foram até a casa da vítima entre os dias 30 e 31 de maio deste ano, com o pretexto de que a ajudariam a reatar o relacionamento.        

“Já no interior do imóvel, os denunciados Márcio e Jucilene, visando ocultar o propósito homicida, iniciaram a dissimulação de um ritual, orientando que a vítima permanecesse de joelhos, em cima de um lençol branco, em um dos quartos da residência, enquanto os dois iniciavam, fraudulentamente, o processo ritualístico”, narra a denúncia. Márcio então desferiu o primeiro golpe na cabeça da vítima, com um facão artesanal de aproximadamente 1,1 kg, deixando-a desacordada para depois golpear a lateral direita do pescoço e próximo ao punho direito, “extravasando intensa crueldade”.        

“Em seguida, visando impossibilitar a correta aplicação da lei, notadamente para em um primeiro momento ludibriar os peritos criminais e, consequentemente, o juiz criminal competente para análise do caso, os denunciados Márcio e Jucilene, com a ciência do mandante do delito, modificaram o lugar do crime, cobrindo a vítima com um cobertor branco, além de deixar o facão na mão direita da ofendida, tentando simular a ocorrência de um suicídio para se eximirem de responsabilidade criminal, bem como para que não fosse descortinada a autoria do denunciado Cláudio como sendo – como de fato foi – o mandante intelectual do crime”, conforme narrado na denúncia.    

Os três denunciados estão presos provisoriamente. 

Segundo informações da Polícia Civil à época, o crime tentava simular um suicídio. 

Crime

No dia 1º de junho, a filha da vítima procurou a Delegacia da Polícia Civil informando que não estava conseguindo contato com a mãe desde o domingo, 30 de maio.

As investigadoras do Núcleo de Atendimento a Mulher Vítima de Violência foram até residência da vítima e verificaram que o veículo da vítima estava estacionado na garagem e a porta encontrava-se apenas encostada.

Ao entrar na residência, a equipe policial avistou o corpo de Indiana no quarto, com a cabeça enrolada em um cobertor e deitada sobre um lençol branco. Uma faca estava na mão direita da vítima e o pulso apresentava um corte. As policiais civis acionaram a Politec para a perícia na casa.

Diante do cenário encontrado, o delegado Eugênio Rudy instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Indiana e com as informações coletadas no decorrer da investigação foi apurado que os envolvidos tentaram, claramente, fraudar o local do crime, simulando que se tratava de um suicídio.

“A perspicácia e experiência dos investigadores, aliada ao entendimento da perícia, demonstrou que se tratava de um homicídio”, pontuou Eugênio Rudy.

As investigações avançaram e a Polícia Civil conseguiu esclarecer que o ex-marido de Indiana Tardett teria planejado toda a ação criminosa, contratando outras duas pessoas para executar o crime. O casal contratado era conhecido da vítima e do ex-marido dela. 

Para atrair Indiana e impossibilitar qualquer forma de resistência, o casal simulou que faria um ritual de magia com ela. Porém, tratava-se apenas de uma simulação para tirar qualquer chance de defesa da vítima. A vítima foi morta com um golpe certeiro na cabeça, que pela posição, evidencia que ela possivelmente estava de joelhos quando foi atingida.

Com o objetivo de confundir a Polícia, os envolvidos cortaram os pulsos e pescoço da vítima, situação que poderia levar a polícia a crer que se tratava de um suicídio.

A partir dos elementos informativos coletados durante a investigação, o delegado representou pela prisão temporária dos envolvidos. Buscas foram realizadas em Campinas (SP), Cuiabá e Lucas do Rio Verde pelos envolvidos no crime, sendo que até o momento apenas a mulher foi presa.

“A Polícia Civil considera que os outros dois são foragidos da justiça, uma vez que, para se escapar da responsabilização criminal, fugiram do distrito da culpa”, pontuou o delegado Eugênio Rudy. (Com informações da assesoria)

Fonte: gazetadigital

Autor: Redação do GD Reprodução/Facebook