Em Mato Grosso, entre 2018 e 2020, a água que sai da torneira estava contaminada em pelos menos 19 municípios. É o que mostra o Mapa da Água, do Repórter Brasil, lançado esta semana. Entre os compostos encontrados nas amostras estão agrotóxicos, materiais radioativos e até substâncias químicas geradas a partir do tratamento de água. Das 19 cidades, em 17 foram encontradas substâncias cancerígenas.
Essas substâncias trazem riscos à saúde e até do desenvolvimento de câncer, sendo algumas delas já proibidas na Europa justamente por esse risco. Isso significa que abrir a torneira - mesmo quando a água é "tratada" - nem sempre é seguro.
No estado foram coletadas 40.970 amostras nos 3 anos do levantamento, dos quais 34 apresentaram contaminação acima do limite de segurança, ou seja, quando traz riscos para as pessoas. Segundo o Mapa da Água, uma água contaminada é como um alimento que passa do prazo de validade, ou seja, imprópria para o consumo.
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Foram encontradas 15 substâncias reconhecidas como cancerígenas, segundo a classificação de risco da Organização Mundial da Saúde ou de agências regulatórias da União Europeia, Estados Unidos, Canadá e Austrália. Os critérios dos "limites de segurança" são definidos pelo Ministério da Saúde.
Entre as substâncias encontradas na água dos mato-grossenses estão chumbo, selênio, rádio (substância radioativa), clordano (agrotóxico), níquel, nitrato, arsênio, entre outros.
A cidade de Mato Grosso com mais substâncias acima do limite foi Paranatinga (378 km ao sul de Cuiabá). Nas amostras foram encontrados substâncias cancerígenas como o arsênio (pode causar tumores na pele, pulmão, bexiga e rins), nitrito (substância inorgânica utilizada como conservante de carnes e embutidos) e cloreto de vinila (usado na fabricação de tubos, plásticos e na manufatura de solventes clorados). Além disso, também foi coletado trihalometanos total, um subproduto do tratamento de água, que acima do limite permitido pode afetar fígado, rins e o sangue.
Já os elementos radioativos foram localizados nas amostras de Sinop (500 km ao norte) e Tangará da Serra (239 km a médio-norte) com atividade alfa total; e Comodoro (644 km a oeste), com Rádio 228. As duas substâncias são cancerígenas.
Na lista com as 19 cidades mato-grossenses constam aind contaminação por fertilizantes, agrotóxicos, subprodutos obtidos durante o tratamento da água e vários metais.
Confira a lista completa
1. Guarantã do Norte
- Cloradano: agrotóxico, pode causar câncer
- Endrin: agrotóxico, traz riscos à saúde
2. Marcelândia
- Aldrin + Dieldrin: agrotóxico, pode causar câncer
3. Sinop
- Atividade alfa total: radioatividade, pode causar câncer
4. Sorriso
- Nitrato: fertilizante, pode causar câncer
5. Juína
- Níquel: pode causar câncer
6. Tangará da Serra
- Atividade alfa total: radioatividade, pode causar câncer
- Cádmo: pode causar câncer
- Urânio: risco à saúde
7. Cáceres
- Chumbo: pode causar câncer
- Selênio: pode causar câncer
- Urânio: traz riscos à saúde
8. Campo Verde
- Níquel: pode causar câncer
9. Pedra Preta
- Arsênio: pode causar câncer
10. Paranatinga
- Arsênio: pode causar câncer
- Nitrato: fertilizante, pode causar câncer
- Cloreto de Vinila: pode causar câncer
- Trihalometanos Total: subproduto de desinfecção, traz riscos à saúde
11. Pontal do Araguaia
- Cloreto de Vinila: pode causar câncer
12. Confresa
- Ácido Haloacético Total: subproduto de desinfecção, traz riscos à saúde
13. Campinápolis
- Trihalometanos Total: subproduto de desinfecção, traz riscos à saúde
14. Primavera do Leste
- Benzo[a]pireno: pode causar câncer
- Mercúrio: traz riscos à saúde
- Urânio: traz riscos à saúde
15. Cuiabá
- Nitrato: pode causar câncer
16. Comodoro
- Rádio-228: radioatividade, pode causar câncer
- Nitrato: pode causar câncer
17. Arenápolis
Acrilamida: pode causar câncer
18. Juína
- Níquel: pode causar câncer
19. Alto Garças
- Lindano (gama HCH): agrotóxico, pode causar câncer
- BEnzo[a]pireno: pode causar câncer
Fonte: gazetadigital
Autor: Thalyta Amaral Josi Pettengill/Secom-MT