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02 de Dezembro de 2021

Nova revisão mostra perda de 190 mil empregos formais em 2020

Nova revisão mostra perda de 190 mil empregos formais em 2020

Resultado, amplamente comemorado pelo governo, apontava para a criação de 142.690 postos com carteira assinada no ano passado

Diferentemente daquilo que anunciou o ministro da Economia, Paulo Guedes, com muita comemoração, em janeiro, o Brasil demitiu mais do que contratou em 2020. Uma nova atualização do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) aponta que foram cortados 191.502 postos de trabalho com carteira assinada ao longo de todo o ano passado, ante 142.690 novas vagas anunciadas inicialmente.

A revisão é fruto de um número 5,24% maior de demissões (de 15.023.531 para 15.810.926) e apenas 3% superior de admissões (de 15.023.531 para 15.619.434). A diferença, no entanto, pode subir ainda mais, já que os dados podem ser atualizados dentro de um período de 12 meses, de acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência Social.

A grande notícia para nós é que, em um ano terrível em que o PIB caiu 4,5%, nós criamos 142 mil novos empregos”, comemorou Paulo Guedes ao divulgar os dados do Caged, no dia 28 de janeiro. Ele atribuiu o resultado positivo ao BEm (Benefício Emergencial para Preservação do Emprego e da Renda), criado para limitar as demissões durante a pandemia do novo coronavírus.

Em novembro, um volume de contratações formais 46,75% inferior ao divulgado inicialmente pelo governo, o que representava uma redução de 75.983 postos formais de trabalho e derrubava pela metade o volume de vagas criadas com carteira assinada.

Na ocasião, Guedes minimizou os dados revisados. "Não há mudança relevante em criar 50 mil postos de trabalho a menos", afirmou ao enfatizar que o Brasil teria criado 3 milhões de empregos desde o início da pandemia. Ele disse ainda que o "erro do Caged não é culpa do governo" e são frutos de uma atualização de dados represados.

A maior discrepância registrada entre os dados divulgados e atualizados de 2020 segue sendo a do mês de junho. No entanto, a diferença passou dos 177,2%, apurado em novembro, para 386,7%. No período, foi comunicado que o Brasil havia cortado 10.984 postos formais de trabalho, mas, na verdade, a perda foi ainda maior, de 53.456 vagas.

Em termos absolutos, a principal diferença segue contabilizada no mês de abril, quando ocorreram 981.832 demissões a mais do que contratações com carteira assinada, número que traz 121.329 mais perdas em relação aos 860.503 cortes inicialmente anunciados.

A nova atualização aponta ainda que, diferentemente do que mostravam os dados anteriores, o número de demissões só não foi maior do que o de admissões em janeiro e fevereiro, os dois últimos meses sem o impacto da pandemia do novo coronavírus na economia.

 

 

 

Diante das revisões, é possível também afirmar que todas as atualizações trazem dados mais negativos do que os inicialmente informados e aqueles identificados em novembro. Outro fato que chama atenção são as alterações no saldo de empregos nos meses iniciais de 2020, já que o prazo máximo estipulado para as revisões é de 12 meses.

“Revisões de bases de dados são naturais, ainda mais em contextos de transição ou de situações atípicas como a de uma pandemia, sendo realizadas por diversos órgãos e institutos de estatísticas no mundo todo”, afirma o Ministério do Trabalho e Previdência Social, em nota enviada ao R7.

De acordo com a pasta, os ajustes “elevaram tanto as movimentações de admissões como as de desligamentos” e “não invalidam a trajetória de recuperação do emprego formal desde o segundo semestre do ano passado”.

“Assim, sendo de julho de 2020 a outubro de 2021 foram gerados 3,8 milhões de empregos formais, já com todos os ajustes citados na nota. Além disso, entre janeiro de 2021 e outubro do mesmo ano foram gerados 2.645.974 postos de trabalho”, afirma o documento, que não comenta as revisões realizadas após o período de 12 meses.

Fonte: R7