Prefeitos e secretários de saúde dos municípios de Mato Grosso emitiram nota conjunta onde apontam uma série de fatores que seriam responsáveis pela dificuldade em garantir transparência na vacinação contra a Covid-19 em Mato Grosso e estariam rendendo ao Estado uma posição na "lanterna" do ranking de vacinação no país, ficando à frente apenas de Rondônia.
Dentre os problemas apontados pelos gestores está instabilidade no sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI), dificuldade no acesso a regiões rurais por causa das chuvas e falta de equipes de servidores.
A nota foi emitida após mensagem enviada pelo governador Mauro Mendes (DEM), onde cobrou uma atuação mais firme dos 141 prefeitos de Mato Grosso em relação à campanha de vacinação contra a Covid-19 no Estado. Na ocasião, Mendes afirmou que está “ficando muito ruim para Mato Grosso” o fato do Estado estar em último lugar no ranking de vacinação.
Na nota, o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Mato Grosso (COSEMS-MT) e a Associação Mato-Grossense dos Municípios (AMM) afirmam que, até 1º de abril, 447.960 doses já foram recebidas por Mato Grosso e que, desse total, 406.190 já estão sendo aplicadas pelos municípios.
No entanto, apenas 239.516 (58,9%) doses foram lançadas no sistema oficialmente, sendo 174.968 (56%) que já receberam a 1ª dose e 64.548 (66%) com a 2ª dose.
Nos últimos dias têm apresentado inoperância cerca de três a cinco horas diárias, situação que está se tornando corriqueira
Isto ocorre, segundo a nota, porque os servidores afirmam existir uma instabilidade no sistema, que nos últimos dias chegou a ficar horas sem funcionar, o que compromete as orientações que pedem os registros das doses aplicadas em até 48 horas nas atividades de vacinação extramuros, como por exemplo: áreas remotas, drive-thru, vacinação casa a casa e em pontos estratégicos sem conexão com internet.
“[…] Nos últimos dias têm apresentado inoperância cerca de três a cinco horas diárias, situação que está se tornando corriqueira, e podemos usar como exemplo o último comunicado recebido de manutenção do programa no DataSUS nesta quinta-feira, a partir das 18h, com um tempo estimado de 6 horas de duração”, diz trecho da nota.
Outros dois pontos que estão motivando o atraso das aplicações e compartilhamento dos dados, conforme os gestores, é a dificuldade de acesso as regiões mais remotas dos municípios de Mato Grosso e a falta de equipe qualificada.
No documento, as entidades explicam que os acessos as comunidades rurais e distritos, muitos desses distantes da sede do município, estão com as estradas comprometidas pelas chuvas tão comum nessa época do ano.
Em relação à falta de equipes, eles esclarecem que elas foram reduzidas e estão exercendo funções sobrecarregadas em virtude da contaminação dos profissionais da saúde, treinamentos e atualizações na operacionalização do sistema, ações que demandam tempo que, no momento atual, compromete as ações dos municípios.
Pressão do governador
De acordo com dados divulgados pelo Consórcio de Veículos de Imprensa, que coleta dados das secretarias estaduais de cada Estado, apenas 4,56% da população de Mato Grosso foi vacinada com a primeira dose.
“Quero pedir um apoio, uma colaboração e uma atuação mais firme dos senhores prefeitos com relação a essa campanha de vacinação. Está ficando muito ruim para o Estado de Mato Grosso sair todo dia na mídia como o Estado que esta em último lugar”, cobrou.
Confira a íntegra da nota:
"O Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Mato Grosso (COSEMS-MT), representado por seu Presidente Marco Antonio Norberto Felipe, juntamente com a Associação Mato-Grossense dos Municípios (AMM), representada por seu Presidente Neurilan Fraga, vem por meio desta, prestar esclarecimentos acerca da distribuição, aplicação e ações referentes às vacinas para enfrentamento do vírus SARS-CoV2, causador da Covid-19. As informações estão alicerçadas na legitimidade institucional de instância colegiada de organização, gestão e decisão do SUS, portanto vimos esclarecer determinados assuntos e apresentar os seguintes considerandos:
Considerando que, até o momento recebemos 447.960 doses, dessas 406.190 já estão sendo aplicadas pelos municípios, sendo os grupos prioritários contemplados com a 1ª dose, abrangendo uma população de 309.065 (76%), e a 2ª dose 97.125 (23,9%);
Considerando que, neste momento encontram-se lançados no sistema oficial SIPNI um total de 239.516 (58,9%) doses, 174.968 (56%) que já receberam a 1ª dose e 64.548 (66%) com a 2ª dose;
Considerando que, muitos grupos prioritários estão sendo vacinados por meio de agendamento, para que se otimize todas as doses. Esse tipo de ação/estratégia demanda tempo, programação e planejamento, tanto para a execução como para a digitação, a exemplo dos Drive-thru realizados;
Considerando que, estamos orientando que todos os registros das doses aplicadas nas atividades de vacinação extramuros, como por exemplo: áreas remotas, Drive-Thru, vacinação casa a casa, e em pontos estratégicos sem conexão com internet, sejam realizados no prazo máximo de 48 horas após a ação;
Considerando que, as doses armazenadas nos municípios, em torno de 42 mil da Vacina Coronavac, estão destinadas para garantir as 2º doses, acatando as orientações dispostas nas Resoluções CIB Ad Referendum nº 12 de 10/03/21 e nº 13 de 17/03/21;
Considerando que, é necessário observar o prazo da digitação da 2º dose referente à CIB Ad Referendum nº 11 de 04/03/21,sendo até 05 de abril de 2021;
Considerando que, até o momento foram recebidas e distribuídas somente as 1ª doses do esquema da vacina Astrazeneca, visto que o prazo recomendado para a 2ª dose é de 12 semanas (3 meses e/ou 84 dias), e considerando que a 1ª remessa aconteceu em 25/01/21, a data agendada é até 25/04/21;
Considerando que, o aprazamento da vacina Sinovac/Butantan, que está sendo recomendada é de 28 dias (conforme laboratório produtor);
Considerando que, estamos realizando o monitoramento contínuo das digitações no site SIPNI, inclusive orientando a realização de força tarefa para que essas informações sejam enviadas em tempo oportuno;
Considerando que, é necessário ponderar as instabilidades do sistema oficial SIPNI, onde nos últimos dias tem apresentado inoperância cerca de três a cinco horas diárias, situação que está se tornando corriqueira, e podemos usar como exemplo o último comunicado recebido de manutenção do programa no DataSUS nesta quinta-feira, a partir das 18h, com um tempo estimado de 6 horas de duração;
Considerando que, os apoiadores regionais do COSEMS/MT, bem como seu corpo técnico, estão em contato direto com as equipes responsáveis pela digitação para uma assessoria caso seja necessária;
Considerando que, é necessário esclarecer que o último lote recebido não garante a vacinação de 10 doses, sendo possível realizar somente 9 doses. Diante disso, os municípios estão seguindo a orientação de realizar a queixa técnica no Notivisa, mas já existe uma preocupação em relação ao impacto que essa perda técnica poderá causar nos números apresentados diante dos sistemas de informações oficiais, o que causa transtorno e desconforto no trabalho das equipes e dos gestores;
Considerando que, os grupos prioritários para a vacinação estão sendo rigorosamente seguidos;
Considerando que os gestores municipais juntamente com as suas equipes não tem medidos esforços no sentido de que, logo ao receber as doses das vacinas já imediatamente essas começam a ser aplicadas na população, mesmo com as dificuldades inerentes, como o deslocamento até as comunidades rurais , distritos, muitos desses distantes da sede do município, com estradas bastantes comprometidas pelas chuvas tão comum nessa época do ano;
Considerando que, as equipes estão reduzidas e sobrecarregadas, em virtude de contaminação dos profissionais da saúde, treinamentos e atualizações na operacionalização do sistema, demandando um tempo que no momento atual compromete as ações dos municípios."
Fonte: midianews
Autor: VITÓRIA GOMES DA REDAÇÃO Foto Luiz Alves/Assessoria