A doméstica Jucimar Catarina André Soares da Silva, de 45 anos, mãe do jovem morto a facadas e posicionado em formato de cruz em Cuiabá, disse ter perdido um "trabalhador cheio de sonhos". Ela cobrou por justiça.
Roger André Soares da Silva, de 29 anos, foi encontrado morto a facadas no último final de semana, em uma edícula do Bairro Parque Cuiabá.A perícia que analisou a cena do crime classificou o assassinato como "brutal". O responsável já foi identificado e está foragido.
A propriedade fica próxima de onde o rapaz morava com a família – cada um em uma casa, dentro do mesmo terreno. Ele era o filho mais velho de quatro irmãos.
“Se meu filho fosse um cara ‘mala’ era mais fácil suportar a dor que sinto. Mas era um trabalhador, tinha sonhos, só queria ser feliz. Aí, vem uma pessoa e tira vida dele dessa forma”, disse Jucimar emocionada.
“Meu filho me amava, mostrou isso todos os dias da vida dele. Enquanto meu filho foi vivo, ele cuidou de mim”, acrescentou.
Jucimar desmentiu boatos de que o filho teria envolvimento com drogas ou qualquer outra coisa que desabonasse a conduta. “Ele sempre foi responsável, não era um bandido. O único problema dele é que não tinha ninguém fixo”, afirmou.
A atendente Gabriela Jordânia Correia, de 34 anos, amiga de Roger há quase uma década, o descreveu como alguém inocente, trabalhador e de bom coração. “Não fazia mal a uma mosca e sempre que tinha condições de ajudar alguém, ajudava”.
Se meu filho fosse um cara ‘mala’ era mais fácil suportar a dor que eu sinto. Mas era um trabalhador, tinha sonhos, só queria ser feliz. Aí vem uma pessoa e tira vida dele dessa forma
Ao longo dos 9 anos de amizade, Gabriela nunca soube de nenhum namoro ou envolvimento sério do amigo com alguém. “Ele era muito reservado nesse sentido. Sempre soube que era gay, que tinha alguns rolinhos, mas namorado fixo, não”.
Sonhos e conquista
A vida de Roger apresentou muitos desafios, ao mesmo tempo em que, com determinação, foi conquistando seus sonhos.
Há alguns anos, após adoecer e retirar o Fundo de Garantia do antigo emprego, comprou o terreno onde hoje a casa dele, da mãe e da irmã está construída.
Outro sonho que realizou foi o de comprar a primeira moto. “Ele estava feliz, porque comprou a moto dele, porque ia ajudar a mãe e do nada acontece isso”, lamentou Gabriela.
Roger trabalhava em uma empresa terceirizada de serviços gerais, que atua dentro do Shopping Pantanal. Ele estava prestes a sair do sistema de diárias e ser contratado de carteira assinada.
Feliz por poder incluir a mãe no plano de saúde da empresa, também sonhava em estudar e cursar a faculdade de Geografia.
O dia do crime
Roger foi assassinado de forma brutal, com mais de 30 facadas e posicionado em formato de cruz após a morte. O criminoso também desenhou três cruzes na parede com o sangue do rapaz.
O corpo dele foi encontrado na noite de sexta-feira (22), aproximadamente 12 horas depois de o crime ter sido cometido.
A principal hipótese é de que Roger tenha conhecido o assassino na quinta-feira (21) e depois do encontro tenha sido levado ao local onde foi assassinado.
Não estava acreditando. Há dois dias, ele estava comigo, me abraçou, disse que me amava
Naquela noite de quinta, Roger disse à mãe que iria a um bar perto da casa e nunca mais voltou. “Foi a última vez que vi o meu filho vivo, estava tão feliz que o shopping ia contratar ele”, relembrou.
A mãe chegou a ir até o local do assassinato e ficou impressionada com o que viu. “Foi uma noite tremenda, não vou esquecer nunca aquela cena”.
A Polícia revelou imagens do suspeito, que agora circulam nas redes sociais.
“Eu vi a foto [do assassino]. A foto desse cara não vai sair da minha cabeça nunca”, disse.
Sumiço
Segundo Gabriela, desde quinta-feira, Roger não apareceu no trabalho. Isso chamou a atenção de toda a equipe, uma vez que ele não era habituado a faltar.
“Todo mundo achou estranhou e começou a mandar mensagem, a ligar e ele não respondia. Ainda tenho a mensagem que mandei para ele”, disse a amiga.
Ela soube sobre a morte na noite do dia seguinte, por meio de uma amiga. “Para mim, abriu um buraco no chão, comecei a chorar. Não estava acreditando. Há dois dias, ele estava comigo, me abraçou, disse que me amava como sempre fazia”.
A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Homicídios e de Proteção a Pessoas, segue investigando o crime.
Fonte: midianews
Autor: LIZ BRUNETTO DA REDAÇÃO Foto Reprodução