O deputado federal Abílio Brunini (PL) faz parte da nova categoria política conhecida como “político-celular”: sua atuação é focada nas redes sociais; busca visibilidade movida a likes e agradar seus seguidores. O "político-celular" fala para si e para os seus grupos, não está preocupado em dialogar com o resto da sociedade, aliás, considerada mesmo como resto. O restante a quem ele acredita ser irrelevante ou a parte que considera formada pelos seus inimigos políticos são alvos preferenciais dos seus ataques no tom do deboche ou da lacração.
Abílio segue essa trajetória desde quando foi vereador por Cuiabá, passando pela eleição a prefeito de Cuiabá em 2020, quando chegou a ir para o segundo turno e foi derrotado pelo prefeito Emanuel Pinheiro (MDB). O deputado bolsonarista chegou a fazer uma autocrítica dos tiros no pé que deu naquela campanha, como por exemplo ter desprezado o apoio do governador Mauro Mendes (União), do presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (União) e de diversos deputados estaduais, além de ter debochado da condição de mulher da então candidata a prefeita Gisela Simona. Abílio queria ganhar sozinho, perdeu sozinho.
Jayme Campos: a voz da experiência ou o muxoxo de político ultrapassado?
Esta semana que passou o senador Jayme Campos (União) criticou publicamente a postura do deputado federal Abílio Brunini em Brasília, conforme destaca o repórter Vinicius Mendes, no site Gazeta Digital. Em entrevista à Rádio Vila Real (98.3) na quarta-feira (19), Jayme alertou que a conduta de Abílio prejudica a imagem de Mato Grosso e afirmou que já conversou com ele, aconselhando-o a “ir devagar”.
Tem que ter pelo menos postura, todo mundo tem a liturgia do cargo, [...] eu acho que o cidadão tem que ter o mínimo de postura para atuar de forma responsável e ter o respeito dos seus pares
O deputado bolsonarista Abílio Brunini é um convicto “político-celular”. Ele acredita que sua postura, a forma de comunicação, e o discurso estão corretos, prescinde de conselhos de outros políticos como os do senador Jayme Campos, liderança formada na política dos tempos analógicos. Ou seja, para um “político-celular”, um “político-analógico” não será nunca a voz da experiência, será apenas a voz do atraso, da política velha e ultrapassada. No máximo Abílio fará um agradecimento protocolar para não ferir a sensibilidade do senador, não importando quantas eleições Jayme ganhou quando a política era feita sem celular, likes e redes digitais.
Retomamos aqui a matéria de Vinicius Mendes sobre o histórico trapalhão do “político-celular” que, segundo o senador Jayme, tem prejudicado a imagem de Mato Grosso em Brasília:
Assessoria
Deputado já se envolveu em algumas polêmicas desde que assumiu seu mandato na Câmara Federal. Em um dos episódios, tentou mostrar que o Congresso Nacional não foi depredado e, no mesmo momento, foi desmentido por outra parlamentar. Mais recentemente se envolveu em confusão com a deputada Érika Hilton, de São Paulo, e foi acusado de transfobia.
“Tem que ser mais ponderado, em momentos na Câmara tenho visto, [...] isso é ruim até para o estado, Mato Grosso elegeu o cidadão [...] vi um jornalista questionando se o eleitor não tem inteligência suficiente, mas não é bem assim. Ele vai ter que corresponder [a expectativa do eleitor], mas isso é questão pessoal dele e do time dele”, avaliou Jayme.
Jayme se comparou ao deputado, dizendo que conseguiu se eleger por 6 mandatos, vencendo todas as eleições que disputou, porque respeita o eleitor e o cargo que exerce, além de que tenta sempre corresponder a expectativa que botaram em seu voto.
“Tem que ter pelo menos postura, todo mundo tem a liturgia do cargo, [...] eu acho que o cidadão tem que ter o mínimo de postura para atuar de forma responsável e ter o respeito dos seus pares, [...] você foi eleito para representar uma boa parcela do estado [...] o cidadão é inteligente, no momento certo vai cobrar de você, vai mandar você para casa”.
O senador ainda o alertou que esta postura pode não ser muito inteligente, considerando a pretensão dele em ser candidato a prefeito.
“Já disse para ele inclusive, até gosto dele como pessoa, falei ‘amigo, vai devagar, porque santo de barro cai e quebra’. Ele é inteligente, mas é o estilo de fazer politica, e ele obteve sucesso, agora eu não sei se isso prevalece no futuro [...] tem pretensões de ser candidato a prefeito, no Executivo a maneira de fazer politica é diferenciado, uma coisa é ser do Executivo, outra é ser do Legislativo. [...] O eleitor vai fazer uma reflexão e analisar se tem a capacidade de ser gestor publico”.
Conduta de Abílio Bunini é questionada há muito tempo, desde quando era vereador de Cuiabá. Exageros durante trabalho de fiscalização e visitas a órgãos municipais eram citados com frequência. Em 2020, ele foi cassado pela Câmara e perdeu o mandato por 14 votos a 11.
Abílio foi acusado de quebra de decoro parlamentar por ter agido de maneira inconveniente em diversos casos, como numa suposta invasão ao Hospital São Benedito. Segundo a Comissão de Ética que votou pela sua cassação, o vereador teria 17 boletins de ocorrência.
Entretanto, recorreu e em janeiro deste ano a cassação foi anulada pela 1ª Câmara de Direito Público e Coletivo. Ele conseguiu disputar eleição apoiado em uma liminar até que o mérito da ação fosse julgado e obtivesse resultado favorável. Com a liminar, ele foi o 3º deputado federal mais votado em Mato Grosso com 87.072 votos.
Fonte: pnbonline
Autor: Pedro Pinto de Oliveira Foto Reprodução