O Exército tenta isolar a instituição dos seus oficiais de alto escalão que estão sendo investigados, generais de quatro estrelas que serviram ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, e do ajudante de ordens do capitão Mito, o tenente-coronel Mauro Cid, que teve a sua delação homologada pelo STF. Cid é uma granada sem pino, pode explodir Bolsonaro, Michele e os generais que eventualmente tenham participado de malfeitos ainda não conhecidos da sociedade, além do apoio aos atos golpistas contra o estado democrático.
Segundo o site Congresso em Foco, a Polícia Federal cumpriu 16 mandados de busca e apreensão em quatro estados na manhã desta terça-feira (12.09) para investigar a suspeita de fraudes na compra de equipamentos durante a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro em 2018. Embora não seja alvo da operação, batizada de Perfídia, o ex-ministro da Casa Civil Braga Netto é um dos investigados no caso. O general, que foi candidato a vice de Jair Bolsonaro em 2022, teve o sigilo telefônico quebrado. Ele era o interventor federal à época, nomeado pelo então presidente Michel Temer.
De acordo com a PF, informa o Congresso em Foco, a investigação apura os crimes de patrocínio de contratação indevida, dispensa ilegal de licitação, corrupção ativa e passiva e organização criminosa supostamente praticadas por servidores públicos federais quando da contratação de uma empresa norte-americana, a CTU Security LLC, pelo governo brasileiro para compra de 9.360 coletes balísticos com sobrepreço no ano de 2018, pelo Gabinete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro.
As investigações e delações colocam luz sob os oficiais que atuavam nas sombras. São fatos que derrubam o mito da superioridade moral dos militares. Versam sobre denúncias de crimes diversos, de corrupção a participação em planos de atos golpistas. O Exército trabalha para isolar a instituição, mas precisará de mais denodo e engenho quando chegar a investigação que falta para fortalecer o poder civil e a democracia brasileira: descobrir e punir os responsáveis pela autorização para os acampamentos nas portas dos quartéis por todo o país. Os acampamentos são um crime grave, atos ilegais e imorais que precisam ser investigados para chegar aos responsáveis.
É simples assim. A legislação proíbe rigorosamente a ocupação nos entornos dos quartéis e autoriza o poder de polícia do Exército para retirar qualquer tipo de uso destas áreas de segurança, especialmente se tiver a aglomeração de civis. Não agiram, foram omissos, porque os acampamentos, e não importa se tinham ou não o caráter “pacífico”, celebravam o mito da superioridade moral dos militares e defendiam a volta da ditadura militar? Falta colocar a luz do poder civil para investigar os generais que permitiram essa ilegalidade disfarçada de ato democrático.
Fonte: pnbonline
Autor: Pedro Pinto de Oliveira – Com Congresso em Foco FOTO: Alan Santos PR