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21 de Junho de 2023

Prefeitos de Mato Grosso enfrentam o desgaste da perpetuação do poder na AMM

Prefeitos de Mato Grosso enfrentam o desgaste da perpetuação do poder na AMM

O municipalismo deve começar dentro da própria AMM. A entidade não pode mais estar submetida à ideia única, à perpetuação do poder. É preciso dar uma solução ao dilema: afinal, a AMM é do Neurilan ou a AMM é dos prefeitos?

A disputa à presidência da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) coloca frente a frente dois candidatos, Neurilan Fraga, há 12 anos como presidente e que quer mais, buscando seu quinto mandato seguido na entidade, e o prefeito de Primavera do Leste, Leonardo Bortolin, candidato que conseguiu reunir as diversas frentes de oposição à política de perpetuação de poder de Neurilan. 

 

A AMM é a cara dos prefeitos de Mato Grosso, a imagem institucional dos gestores municipais. Esta imagem pública está reduzida hoje a um feudo político controlado pelo presidente Neurilan. A acomodação a essa situação torta de comando único é um jogo do perde-perde para os prefeitos: perdem força política com uma entidade esvaziada pelo continuísmo e perdem a oportunidade de usar a renovação como ampliação do discurso político de defesa dos interesses dos municípios. Os prefeitos que estão ao lado da renovação querem mudar para o jogo do ganha-ganha.

 

O ex-governador, senador e ministro da Agricultura, Blairo Maggi, já comentou publicamente sobre a importância da dinâmica de renovação das entidades públicas e privadas, inclusive dando o exemplo dos produtores de Mato Grosso. Não há continuísmo nas entidades de classe do agronegócio, o produtor lidera a respectiva entidade por no máximo dois mandatos e depois abre espaço para a renovação.

 

A perpetuação do poder coloca a AMM na contra-mão da modernidade. Os prefeitos ficam então diante de uma escolha entre o passado e o futuro: vão decidir se a entidade que os representa ficará ainda mais envelhecida e menos influente ou se votarão pela renovação em acordo com o contexto da modernidade.  

 

O prefeito de Primavera do Leste, Leonardo Bortolin (MDB), afirmou que pretende acabar com a “reeleição infinita” na Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), caso seja eleito presidente da entidade. É mais do que uma proposta, é uma obrigação democrática e de compromisso com a renovação constante de ideias da entidade dos prefeitos de Mato Grosso

 

O municipalismo deve começar dentro da própria AMM. A entidade não pode mais estar submetida à ideia única, à perpetuação do poder.

A possibilidade de recondução por vários mandatos na AMM foi estabelecida pelo atual presidente, Neurilan Fraga, operando manobras no estatuto da entidade. 

 

“Seja qual for a entidade, a perpetuação faz mal para instituição. A inovação de ideias é necessária. Uma das propostas que a gente traz é que só possa haver uma única reeleição na entidade. Isso está sendo discutido com um grande número de prefeitos no estado, até mesmo para que se dê a oportunidade para outros gestores. A oxigenação tem que acontecer, ela é necessária”, argumentou Bortolin em entrevista à TV Vila Real.

 

Neurilan Fraga se tornou presidente da AMM em 2015 para um mandato de dois anos. Porém, ainda no primeiro ano, conseguiu mudar o estatuto para permitir que ex-prefeitos fossem autorizados a disputar a entidade. Manobra ocorreu porque ele estava em seu segundo mandato como gestor de Nortelândia, eleito em 2008 e reeleito em 2012.

 

Após a mudança, conseguiu se eleger. Já em 2018, assumiu o terceiro mandato consecutivo com a mudança estatutária. Quarto mandato veio em 2020, quando, mais uma vez, o estatuto foi modificado. Desta vez, em relação ao tempo de mandato, que passou de dois para três anos.

 

“A renovação é necessária porque a AMM tem que estar presente em Brasília para fazer a captação de recursos, cadastramento de propostas juntos aos ministérios e programas. É preciso oferecer uma maior orientação técnica aos prefeitos e de qualificação para melhorar as gestões municipais”, acrescentou.

 

O municipalismo deve começar dentro da própria AMM. A entidade não pode mais estar submetida à ideia única, à perpetuação do poder. É preciso dar uma solução ao dilema: afinal, a AMM é do Neurilan ou a AMM é dos prefeitos?

Fonte: pnbonline

Autor: Pedro Pinto de Oliveira - Com Gazeta Digital