Mato Grosso tem 1.329 pessoas na fila de espera por um transplante. Mais da metade (52,5%) aguarda por um rim enquanto depende de uma máquina para filtrar o sangue. Dados são da Secretaria de Estado de Saúde (SES), que apontam 698 pessoas a espera de um doador compatível. Apesar do número elevado, o drama maior é para quem aguarda um coração, pois a possibilidade de encontrar um doador é infinitamente menor. Ao todo, 28 pessoas precisam realizar esse tipo de transplante no Estado e a doação só acontece quando o doador entra no quadro de morte encefálica. Já para o rim, procedimento pode ocorrer também com doadores vivos.
A fila de espera ainda tem 325 pessoas aguardando córnea, mais 161 à espera de doação de medula óssea e 117 na fila para receber um fígado.
Para quem luta pela vida, a corrida contra o tempo inicia desde o diagnóstico. É o caso de Milene Moraes, 34, moradora de Santo Antônio do Leverger (34 km ao sul), que há 14 anos depende da máquina de diálise para sobreviver. Em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e outras complicações, ela perdeu a função dos dois rins.
Durante o tratamento com diálise, Milene engravidou do segundo filho, que hoje está com 8 anos. Eu fui a única paciente gestante que não perdeu o bebê. Não é fácil, passei por várias crises depressivas. Hoje já aceito a minha condição, mas quero muito fazer o transplante, é meu maior sonho.
Milene entrou pela segunda vez na fila de espera do Sistema Único de Saúde (SUS) por um transplante de rim. É preciso enviar de 3 em 3 meses o sangue para manter-se na fila mas, devido à crise depressiva, deixei de fazer. A desistência, na época, ocorreu porque o meu irmão, que é compatível, não pode realizar a doação do rim. O médico, em São Paulo, disse que não adiantaria o transplante porque meu organismo iria rejeitar o órgão. Fiquei arrasada.
Nefrologista Luis Guilherme explica que a realização do transplante depende de várias variáveis. No caso de Milene, apesar da compatibilidade, ao fazer a análise do sangue foi possível verificar que o organismo geraria reação de defesa ao enxerto renal devido à quantidade de anticorpos. Ressalta ainda que é importante continuar enviando o material, pois o transplante pode ocorrer em outro momento, a depender das condições clínicas.
Fonte: gazetadigital
Autor: Cristiane Guerreiro Foto João Vieira