Grávida de oito meses, Taciane Morais dos Santos, de 27 anos, morreu ontem terça-feira (23), vítima da Covid-19, no Pronto Socorro de Várzea Grande. Ela aguardou vaga em uma UTI durante uma semana e conseguiu a transferência um dia antes de morrer.
A jovem precisou passar por uma cesárea de emergência e os médicos conseguiram salvar a criança, chamada Rebeca.
A prima de Taciane, Maira Conceição dos Santos, contou ao MidiaNews que a jovem estava muito ansiosa para a chegada da filha, mas sequer chegou a vê-la.
Taciane estava internada desde 16 de março, em Nova Olímpia (a 203 km de Cuiabá), onde morava com a mãe e o marido.
Ela estava fazendo acompanhamento em casa, quando os sintomas começaram a se agravar e a febre não abaixava com os remédios.
Antes de ser internada dizia que sentia muito enjôo, muita falta de ar
"Ela trabalhou até quando pode, trabalhava em um supermercado da cidade. Começou a se sentir mal e ficou em casa. Tomou os remédios, mas não passou. Ia para o hospital, tomava a medicação e voltava para casa. Quando ficou pior, começou a sentir outros sintomas, além da febre e o teste deu positivo", contou a prima.
Maira lamentou que, quando foi internada, a família não pode mais ver Taciane. Enquanto estava hospitalizada, o quadro da jovem ficou ainda pior e ela começou a precisar de uma UTI.
Ela aguardou na fila de espera durante uma semana até surgir uma vaga no Pronto-Socorro de Várzea Grande, para onde foi transferida na última segunda-feira (22).
"Ela foi ficando ruim, não conseguia mais respirar, só usando o balão de oxigênio. Antes de ser internada dizia que sentia muito enjôo, muita falta de ar", lembrou a prima.
No mesmo dia em que foi transferida, os médicos ligaram para a mãe de Taciane e informaram que ela precisaria passar por uma cesárea de emergência.
Ela dizia que não aguentaria, que se não fizessem o parto a criança morreria junto com ela e que sabia que a filha seria criada pela avó
Após a morte da jovem, a família ficou sabendo através das enfermerias que ela chegou a dizer que sabia que não sobreviveria.
"Ela tava sentindo. Pedia para as enfermeiras que queria fazer o parto da filha logo. Elas perguntavam por que ela estava com tanta pressa. Ela dizia que não aguentaria, que se não fizessem o parto a criança morreria junto com ela e que sabia que a filha seria criada pela avó", revelou.
A mãe de Taciane conseguiu ver a filha pela última vez antes do parto. De acordo com Maira, mesmo os médicos dizendo que a jovem não podia ouvir a família, a mãe dela viu que lágrimas escorreram quando ela começou a falar.
"A mãe dela implorou para conseguir entrar. Falou com ela, disse que ficaria tudo bem e viu lágrimas caindo dos olhos dela. É de partir o coração. A mãe dela pelo menos conseguiu se despedir", disse.
A bebê ainda está internada e deve ficar em observação até voltar com a avó para Nova Olímpia. Para Maira, um dos maiores sonhos da prima era de formar a família.
"Minha prima era muito amorosa, todo mundo gostava dela. Ela sofreu muito em relacionamentos passados, mas estava muito feliz e realizada com o casamento e a gravidez", completou.
Fonte: midianews
Autor: BRUNA BARBOSA DA REDAÇÃO Foto Divulgação