A infectologista Márcia Hueb, coordenadora da área no Hospital Júlio Müller, em Cuiabá, explicou que, mesmo que o Brasil não chegue a 70% da população vacinada contra a Covid-19, índices de vacinação entre 20% a 30%, por exemplo, já serão suficientes para desafogar a Saúde e controlar a atividade econômica no País.
"O ideal é atingir 70% da população, em um cenário muito otimista. Mas começamos a ter impacto, sim, a partir de 20% a 30% da população vacinada. Porque vai impactar na Saúde, vai liberar leitos para pacientes com outras condições clínicas que não conseguem mais ser internados. E, com isso, você pode controlar melhor a atividade econômica. Um por cento [de vacinados] é melhor que zero e 10% é melhor que 1%. Se chegarmos em 30% das pessoas com comorbidades e do grupo prioritário, já começaremos a ter um cenário muito melhor".
Hueb conversou sobre a pandemia causada pelo novo coronavírus e comentou os resultados da Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo (SP), na manhã de sexta (15), durante live realizada .
A infectologista está entre os 12,4 mil voluntários que foram vacinados com a Coronavac e reforçou que confia plenamente na segurança da vacina.
"Gostaria muito que as pessoas entendessem essa mensagem: a vacina é segura. Os que estão no plano prioritário devem se vacinar. Como médica pesquisadora, confio nessa vacina. Como também me submeteria ao estudo das outras. São todas muito seguras. Já foram analisadas em todas as fases de segurança. A eficácia da Coronavac é boa e atende ao que precisamos no momento".
Eficácia da Coronavac
Márcia Hueb explicou que a taxa de eficácia global da Coronavac significa qual o nível de prevenção contra a Covid-19 a vacina representa. Ela ressaltou que, 50% das pessoas vacinadas no atual contexto causado pela pandemia, é "maravilhoso".
Na prática, de 100 pessoas contaminadas pelo novo coronavírus, 50 não teriam sintomas. As outras 50 poderiam ficar doentes, mas 40 não precisariam de auxílio médico, já que manifestariam a forma leve da doença.
Já as outras 10 não precisariam de assistência médica, mas não precisariam ser intubadas, nem correriam risco de morte.
Márcia também comentou a estratégia de outros países, como Israel e Reino Unido, de decretar lockdown até vacinarem parte da população do grupo prioritário.
"Exemplo é Israel, dizem que é um país de 9 milhões de habitantes, não importa. Temos que ter a responsabilidade de acordo com a dimensão do problema. O gestor tem que saber o tamanho do problema dele. Em Israel é o terceiro lockdown, mas com uma perspectiva de até março vacinar todos os prioritários e condições de risco".
A infectologista reforçou a importância de uma vacina produzida no Brasil, que não vai gerar gastos de importação e contemplou, até mesmo, a diversidade racial da população.
"É uma vacina produzida no Instituto Butantan, que hoje representa a produção de mais de 80% das vacinas do Brasil. Uma instituição que devemos nos orgulhar. É muito séria, tem pesquisadores sérios, trabalha muito bem, independente de quem está a frente do Governo naquele momento em São Paulo. O instituto está em São Paulo, mas serve a todos nós, não só brasileiros, porque produz muito para outros países. Os governos passam, a instituição fica".
Fonte: midianews
Autor: BRUNA BARBOSA DA REDAÇÃO