O secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo (DEM), criticou as constantes aglomerações registradas em Mato Grosso em meio à pandemia do novo coronavírus. De acordo com ele, as pessoas que adotam esse tipo de comportamento são responsáveis por espalhar o vírus entre idosos, inclusive da própria família.
Gilberto participou de entrevista ao MidiaNews, transmitida ao vivo pelo Instagram, na manhã desta sexta-feira (22). O titular da Secretaria de Saúde (SES) também falou sobre as denúncias de vacinas sendo aplicadas irregularmente, falta de leitos de UTI e do equívoco a respeito da existência de um tratamento precoce contra a Covid-19.
Questionado sobre as aglomerações, Figueiredo afirmou que assiste as cenas com angústia, já que há poucos dias precisou ser internado após manifestar sintomas graves da doença ao testar positivo para Covid pela segunda vez.
"Como gestor da Saúde olho para isso [aglomerações] e fico imaginando que alguns desses poderão precisar de um leito hospitalar e poderão não ter. Esse é o grande problema. Mesmo aqueles que não estão 'nem aí', que acham que se ficarem doentes será uma coisa simples, fico imaginando se ele precisar. Praticamente não vai ter. As pessoas não acreditam mesmo olhando o boletim diário. São céticas em relação a isso", disse.
Para ele, aqueles que optam por ignorar as medidas de prevenção, como uso de máscaras e higienização das mãos, não estão "dando valor à vida".
Como gestor da Saúde olho para isso [aglomerações] e fico imaginando que alguns desses poderão precisar de um leito hospitalar e poderão não ter
"A incidência não é maior na população mais jovem, mas pode acontecer com um ente querido. Já estamos com a vacina, em um futuro breve estaremos todos imunizados. Mais uma vez apelo a todos que estão levando na brincadeira: a situação é grave", disse.
Gilberto faz parte do grupo de risco da Covid-19 por ter diabetes e doença de Crohn, que é autoimune. Ele aguarda o resultado de exame para detectar se foi reinfectado pelo novo coronavírus. Em junho do ano passado, o secretário da SES testou positivo, mas não apresentou sintomas graves.
Na segunda vez em que testou positivo para Covid-19, ele precisou ser internado em uma UTI do Hospital Albert Einstein, em São Paulo (SP).
Denúncias de irregularidades na vacinação
Sobre as denúncias de pessoas sendo vacinadas mesmo sem fazer parte do grupo prioritário, Figueiredo pediu que os casos continuem sendo levados ao conhecimento dos orgãos de controle. De acordo com ele, o Ministério Público Estadual (MPE) pode apurar os possíveis desvios.
Ele explicou que a SES deve editar ainda nesta sexta uma nova portaria sobre as consquências aos gestores que compactuarem com desvios das vacinas.
"É uma característica do Brasil. Sempre tem alguém querendo levar vantagem em algum aspecto, mas terão que responder por isso. Não apenas aqueles que furarem a fila, mas aqueles que permitem que isso aconteça. Porque ninguém fura a fila sem um gestor permitir que isso aconteça", afirmou.
Gilberto, apesar de estar no grupo de prioridade da vacinação, optou por não receber a primeira dose neste momento por conta da falta de vacinas para a população.
É uma característica do Brasil. Sempre tem alguém querendo levar vantagem em algum aspecto
Chegada de mais vacinas em MT
De acordo com Figueiredo, a SES não tem nenhuma informação sobre data e horário da chegada de mais doses de vacinas contra a Covid.
"Todo o programa de imunização no país depende do fluxo de encaminhamento de vacinas pelo Ministério da Saúde. Estamos assistindo a dificuldade que é a operação, seja pelo Instituto Butantan, da Fiocruz ou pela dificuldade que o Governo Federal tem de fazer aquisições internacionais. Não dá para fazer uma previsão, mas é um processo que deve se desenvolver no mundo ao longo de todo ano".
A perspectiva é de um carregamento com 2 milhões de doses produzidas pela Índia cheguem ao Brasil na noite de hoje (22) e, em seguidam, sejam encaminhadas aos Estados. A expectativa de Gilberto é que o Brasil consiga "desatar o nó diplomático" nos próximos dias.
Tratamento precoce
O secretário reforçou que não existe um remédio específico para tratamento da Covid-19 e que o negacionismo já "danificou a vida de muitos brasileiros".
"A grande esperança para que possamos reduzir de forma substancial essa contaminação é a vacina, ela é a solução para isso. Não ter a vacina disponível significa que vamos continuar sofrendo por muito tempo com os hospitais colapsados por falta de leitos ou profissionais. Existe um negacionismo, já era assim com relação a própria doença, como se fosse um 'resfriadozinho'. Nós já verificamos que o tal 'resfriadozinho' danificou a vida de muitos brasileiros".
Fonte: midianews
Autor: BRUNA BARBOSA DA REDAÇÃO Foto Mayke Toscano/Secom-MT