No Brasil, o câncer de pênis responde por 2% dos diagnósticos de todos os tipos da doença identificadas em homens. A infecção pelo HPV, um vírus que infecta a pele, pode causar o aparecimento de tumores na genitália e também no ânus. Higiene inadequada, desinformação e resistência às consultas médicas são fatores que contribuem para casos em que o membro precisa ser amputado.
Em Mato Grosso, segundo o Ministério da Saúde, foram registradas 12 amputações de pênis em 2023 devido ao câncer e outras doenças relacionadas à infecção pelo HPV. Somente em Cuiabá foram 6.
O urologista Newton Tafuri, especialista em disfunção erétil e estética genital masculina, explica que os primeiros sintomas são o aparecimento de lesões vermelhas na glande (cabeça do pênis), feridas que não cicatrizam, nódulos (caroços), tumores que progridem em tamanho e profundidade, podendo até destruir parte do pênis ou migrar para outros órgãos.
“O câncer de pênis é uma doença com grande potencial para comprometer a integridade física (amputação do pênis), causar sérias consequências psicológicas, podendo levar à morte em curto período nos estágios avançados. A alta incidência em países subdesenvolvidos indica a associação de câncer de pênis com as condições socioeconômicas da população masculina”, explica o médico.
O especialista destaca que a falta de informação ainda é um dos fatores agravantes da doença. “O homem vai menos ao médico e muitas vezes possui o tabu de não querer se expor, mostrar os órgãos genitais para o médico, entre outros”.
“O câncer de pênis é uma doença rara e um dos poucos tipos que podem ser evitados se o homem tiver uma boa higiene pessoal. A falta de informação é um dos fatores agravantes por levar ao diagnóstico tardio, o que impacta diretamente nas chances de cura”, conta.
Os fatores favoráveis para o aparecimento da doença são a fimose, por falta de higiene, prática de sexo não protegido e o hábito de fumar. "A fimose, por dificultar a higiene, causa acúmulo de esmegma (secreção ou massa branca que se acumula abaixo da pele que recobre a glande), aumentando os riscos de inflamação crônica e transmissão do vírus HPV”, conta.
Para se proteger, o indicado é consultar um médico no primeiro sinal de lesão no pênis, lavar bem o órgão genital puxando a pele (prepúcio) para trás para lavar toda extensão do pênis, tratar a fimose se houver, se vacinar contra a HPV dos 9 aos 14 anos, e usar preservativo.
“Nas fases iniciais, a doença pode ser tratada com remédios locais ou cirurgias conservadoras (somente retirada da lesão). Nas fases intermediárias a remoção de parte do pênis pode ser indicada e já nas avançadas, para preservar a vida do paciente, pode ser necessário retirar todo o pênis, associando quimioterapia e outros tratamentos”, explica.
Na amputação total, todo o pênis é retirado, incluindo as raízes que se estendem até a pelve. Neste procedimento, o cirurgião cria uma nova abertura para a urina e a micção pode ainda ser controlada, já que o esfíncter é preservado. O homem passa a urinar sentado.
O médico explica que o procedimento é chamado castração, uma vez que é removida a principal fonte natural da testosterona, o hormônio masculino. “No último estágio da doença, às vezes também são removidos os testículos. Os homens submetidos a esse procedimento devem usar uma versão artificial do hormônio durante o resto da vida”.
A vacina da HPV protege tanto homens quanto as mulheres de doenças como câncer peniano e o no colo do útero, por isso é importante que todas as crianças entre 9 a 14 anos sejam vacinadas.
“Na maioria das vezes o menino não é vacinado por falta de informação dos pais e isso requer mais políticas públicas voltadas à educação em saúde e prevenção, abordagem do tema na escola, por exemplo”, conta.
Fonte: gazetadigital
Autor: Ana Júlia Pereira Foto reprodução