Com Lei Ordinária vigente desde 2009, a alimentação de animais silvestres é proibida na área do Parque Natural Municipal Florestal de Sinop, contemplado pelas reservas R10, R11 e R12. Isso porque a prática pode causar desequilíbrios à fauna do local, bem como riscos diretos à manutenção da vida das espécies. Com objetivo de evitar essas consequências, a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, mantém parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso, campus de Sinop, que faz o monitoramento dos animais.
“Esse trabalho de parceria se estende há anos. Então é importante informarmos à população que desde de 2009 nós temos uma legislação no município, que proíbe a alimentação de animais no parque, justamente buscando a preservação da qualidade da saúde e também do manejo desses animais no sentido de preservar seus hábitos primitivos de alimentação, uma vez que os alimentos ofertados não são adequados para esse tipo de população”, destacou a secretária da pasta, Ivete Mallmann.
Ainda segundo a secretária, o trabalho conjunto com a UFMT possibilita a realização de pesquisas e em breve será estendido à população. “Temos parceria com a contratação de 10 estagiários, justamente para o desenvolvimento de pesquisas e atendimento ao público. A abordagem à comunidade do entorno acontecerá nos próximos dias. Estamos nos organizando, fazendo o checklist de como faremos as tarefas e trabalhos dentro da unidade de conservação e fora. Mesmo agora que parque está passando por reformas, ainda que não estejamos atendendo ao público, a pesquisa e o atendimento pela universidade tem sido prestados”, ponderou.
Ivete também ressaltou que, pensando na preservação dos animais, novos projetos estão inclusos na revitalização que o parque está passando. “Quando reinaugurarmos o parque, na nossa área administrativa, teremos um ambulatório, justamente para que a universidade possa utilizar este espaço para atendimento dos animais, acompanhamento da sanidade, desenvolvimento de pesquisas, ou seja, estamos trabalhando para que essa unidade de conservação atenda a sua finalidade ambiental, que é a proteção da fauna e da flora, e ofertar ao público que nos visita uma qualidade na prestação do serviço”.
Conservação dos primatas do parque
Entre os animais mais comuns vistos no parque, estão os primatas. Segundo a médica veterinária e professora da UFMT, Elaine Dione, as espécies catalogadas no local são importantes tanto no âmbito nacional, quanto internacional. “São animais que tem hábito de se movimentar na altura das árvores mais altas da Amazônia e ao mesmo tempo também, em momentos específicos, descer ao solo para forragear”, disse, reforçando que 75% da alimentação dessas espécies é composta por sementes.
De acordo com Dione, é importante conhecer e conservar os hábitos alimentares destes animais, que são importantes na dispersão de sementes, recuperação de áreas degradadas e manutenção de florestas. “Eles têm um papel importante nessa manutenção da floresta e são espécies avessas a aproximação humana, mas na sua maioria não são agressivas, desde que entendam que seu espaço pessoal e de segurança não está sendo invadido”.
A professora ressaltou ainda os riscos da alimentação inadequada. “Colocam em risco até mesmo a manutenção da própria espécie. Então quando nós temos a compreensão que eles precisam ser alimentados sem necessariamente compreender a dependência da alimentação, estabelecimento do comportamento da espécie e na saúde, a gente condena essas espécies a morte, a extinção, então por isso é tão importante manter o acompanhamento e monitoramento da saúde dessas populações, com técnicas adequadas, equipes adequadas, com formação, para que possamos compreender os indicadores provenientes desses estudos”.
A ação de alimentar estes animais, partindo da compreensão de que podem estar fora do peso ou parecem gostar de determinado alimento, também interfere diretamente no comportamento das espécies. “Vamos entender que a alimentação vai preencher cerca de 80% do tempo das espécies dessa natureza e quando começamos induzir esse comportamento a um momento só, com excesso calórico e desequilíbrio nutricional, nós também estamos alterando o comportamento pacífico e ecológico eficiente dessas espécies na natureza. Então, sim, nós estamos condenando essas espécies quando interferimos de maneira completamente inadequada na alimentação”, completou.
Fonte: Assessoria da Prefeitura
Autor: Luan Cordeiro